São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Votorantim já definiu forma de sucessão

DA REDAÇÃO

A morte de José Ermírio de Moraes Filho não deve gerar nenhum problema de sucessão no grupo Votorantim, a maior e mais tradicional organização privada brasileira, que faturou cerca de R$ 7,5 bilhões no ano passado.
Há duas semanas o grupo, comandado por José Ermírio Filho e por seu irmão Antônio Ermírio, anunciou uma reforma geral para permitir a transição do comando para uma nova geração, formada pelos netos dos fundadores do grupo.
A estrutura de hierarquia do grupo foi alterada. Antes, cada uma das 40 companhias do grupo se reportava diretamente à holding, dirigida por José Ermírio e Antônio Ermírio.
Foram criados dois conselhos e três novas diretorias para acompanhar e dirigir as empresas. Um desses conselhos será composto por 13 parentes dos fundadores do grupo e será voltado exclusivamente para tratar de questões familiares e seus interesses no grupo.
Foi a maneira encontrada para evitar que as questões familiares prejudiquem a administração profissional das empresas.
Também foi criado o conselho de gestão, em que dois representantes de cada ramo familiar discutirão e tomarão as decisões estratégicas do grupo Votorantim. Esse conselho será presidido por Carlos Ermírio de Moraes, filho de Antônio Ermírio.
Foram instituídas três diretorias logo abaixo do Conselho de Gestão. Uma delas é voltada para os negócios atuais do grupo Votorantim, como cimento, papel, celulose e metais.
Dirigida por José Roberto Ermírio de Moraes, filho de José Ermírio, essa área responde atualmente por 95% da receita do grupo.
Outra diretoria, a cargo de José Ermírio de Moraes Neto e Cláudio Ermírio de Moraes, cuidará de novos negócios, como a entrada em setores em que o grupo não atua.
Uma terceira diretoria será voltada para negócios de vanguarda, com forte potencial de crescimento. Seriam investimentos em empresas de nichos de mercado em telecomunicações, por exemplo. Essa diretoria ficará a cargo de Luís Ermírio de Moraes, que também é filho de Antônio Ermírio de Moraes.

Empresa familiar
O grupo Votorantim estudou durante dez anos como fazer a transição no comando.
Foram observadas estatísticas alarmantes sobre a sobrevivência de empresas familiares.
Depois de muito pesquisar, o grupo chegou à conclusão que não havia receita para a transição. "Não há modelo que garanta o sucesso de uma gestão familiar. Tivemos que criar o nosso próprio modelo", disse Carlos Ermírio de Moraes.
O grupo Votorantim foi criado em Sorocaba (interior de São Paulo) em 1918 por Antônio Pereira Ignácio.
Uma oficina de calçados marcou o início da empresa. Logo depois, Ignácio compraria uma fábrica de tecidos.
Em 1926, José Ermírio de Moraes se torna genro de Pereira Ignácio e ajuda na ampliação dos negócios.
O grupo começou com uma empresa têxtil em 1918 e hoje é líder em cimento, um dos três maiores em alumínio, cresce rapidamente em papel e celulose e tem o 12º maior banco do país.



Texto Anterior: Memória: Morre José Ermírio de Moraes Filho aos 74
Próximo Texto: Empresário atuou nos bastidores da política
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.