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Empresário atuou nos bastidores da política
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O empresário José Ermírio de
Moraes Filho, presidente do conselho de administração do grupo
Votorantim, que morreu ontem
de câncer aos 74 anos, sempre foi
uma figura das mais atuantes do
mundo de negócios do país.
Nos últimos 30 anos, Moraes Filho, sempre de forma discreta,
procurou influenciar os governos
com suas idéias. Uma de suas propostas mais polêmicas foi apresentada, no início de 82, ao então
presidente João Figueiredo. Ele
propôs cinco anos de carência para o Brasil pagar os US$ 90 bilhões
da dívida externa. Sua proposta
foi considerada uma bobagem
pelo governo brasileiro.
Ele também sempre foi um crítico do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O empresário atuou mais nos
bastidores da política. Uma de
suas maiores características era
conseguir ter um grande e variado número de amizades. No
mundo dos negócios, por exemplo, ele era amigo do megainvestidor Naji Nahas, do banqueiro Lázaro Brandão, do Bradesco, do
ex-ministro Alcides Tápias e do
empresário Horacio Lafer Piva,
presidente da Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo).
Moraes Filho teve também
atuação marcante em entidades
de classe. Ele foi presidente emérito da Fiesp, da qual foi vice-presidente entre 1961 e 1967. Nos anos
80, presidiu o Sindicato Nacional
da Indústria do Cimento.
Artes e esporte
A vida de Moraes Filho não se
resumia ao mundo dos negócios.
O empresário também ficou muito conhecido por suas atividades
ligadas ao esporte, à cultura e às
artes.
Corintiano fanático por futebol,
o empresário foi vice-presidente
da Federação Paulista de Futebol,
entre 1970 e 1976. Também foi vice-presidente da CBD (Confederação Brasileira de Desportos),
antecessora da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Outra paixão do empresário
sempre foi o tênis. Ainda que
nunca tenha chegado a ser um
exímio jogador, Moraes Filho jogou tênis até os 70 anos.
Tênis
O empresário também apoiou
grandes nomes do tênis no Brasil.
O mais conhecido foi o da tenista
Maria Ester Bueno, que venceu
três vezes o torneio de Wimbledon. Outro tenista que recebeu o
apoio de Moraes Filho foi Luís Felipe Tavares, que hoje é dono da
Koch Tavares.
Moraes Filho gostava de jogar
tênis no fechado clube Sociedade
Harmonia de Tênis, que presidiu
entre 1980 e 1990.
No Harmonia, são muitas as
histórias do empresário. Comenta-se também que ele foi responsável por muitas "bolas pretas"
(veto) ao acesso de grandes nomes da sociedade paulista ao clube.
O empresário também se notabilizou por seu apoio à cultura.
Ele foi presidente da Fundação
Antônio Prudente, de 1978 a 1990,
e da Orquestra Filarmônica de
São Paulo, de 1967 a 1973.
O empresário também foi sócio-fundador e conselheiro do
Mozarteum Brasileiro e sócio benemérito da Sociedade de Cultura
Artística.
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