|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Agenda" impediu conversa entre Lula e Kirchner
ENVIADO ESPECIAL A CANCÚN
O chanceler argentino, Rafael
Bielsa, atribuiu ontem a "problemas de agenda" o fato de o presidente Néstor Kirchner não ter falado com seu colega brasileiro
Luiz Inácio Lula da Silva para avisar que a Argentina deixaria de
pagar parcela de sua dívida com o
FMI (Fundo Monetário Internacional), com o que cometeria seu
segundo calote (o primeiro foi em
2001, com a dívida privada).
Bielsa, em entrevista em Cancún (México), relatou que, na segunda e na terça, na iminência do
calote ao Fundo, o governo "compreendeu que deveríamos nos
vincular a outros países da região,
porque era muito importante que
apresentassem seu apoio".
Seria lógico que o Brasil fosse o
primeiro a ser contatado, por ser
sócio da Argentina no Mercosul,
por ser o maior país da região e
por Kirchner e Lula terem anunciado uma "relação estratégica".
Não foi o primeiro nem o último,
embora tenham sido consultados
o mexicano Vicente Fox e o chileno Ricardo Lagos.
"Em uma gestão diplomática de
dois dias é natural que surjam
problemas de agenda dos presidentes", disse Bielsa. A mídia argentina, no entanto, especulou
desde ontem sobre o descontentamento de Kirchner com o tipo
de apoio do Brasil no episódio.
Antes, já havia especulado com
supostas afirmações de Kirchner
segundo as quais o governo Lula
havia sido excessivamente frouxo
nas negociações com o Fundo.
Em todo o caso, o chanceler
brasileiro, Celso Amorim, tomou
a iniciativa, anteontem, quando o
acordo não havia ainda saído, de
telefonar para Bielsa para avisar
que teria um encontro com Anne
Krueger, a segunda do Fundo, e
gostaria de saber o que a Argentina gostaria que fosse dito.
Amorim manifestou à funcionária do FMI o total apoio do Brasil ao acordo, corroborando instrução que o ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda) havia dado a Murilo Portugal, representante do Brasil na instituição.
Na avaliação de seu chanceler, a
Argentina fez um acordo "realista" com o Fundo.
(CR)
Texto Anterior: Argentina paga parcela de US$ 2,9 bi Próximo Texto: De volta às origens: Cartilha do PT condena acordo com o Fundo Índice
|