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Com adesão da Turquia, G21 tem 22 membros
DO ENVIADO ESPECIAL A CANCÚN
A Turquia decidiu ontem integrar o G21, o grupo de países em
desenvolvimento criado por inspiração do Brasil para tentar romper o protecionismo agrícola dos
países desenvolvidos, em especial
a União Européia e os Estados
Unidos.
Mais do que elevar para 22 o número de membros, a adesão da
Turquia traz para o clube um país
europeu, que faz parte da Otan (a
aliança militar ocidental) e reivindica ingresso na própria União
Européia, sem sucesso até agora.
Parece um reforço para a tese do
chanceler brasileiro, Celso Amorim, de que o G21, agora G22, alterou a "correlação de forças" na
OMC (Organização Mundial do
Comércio).
Além de incorporar a Turquia, o
G21 criou um grupo de contato
com os países africanos, depois de
uma reunião em que estes mostraram simpatias a respeito das
propostas do grupo.
Os africanos reivindicaram que
se desse especial atenção às necessidades específicas do que o jargão internacional chama de LDCs
(Least Developed Countries, os
pobres entre os pobres).
O Brasil, pelo menos, não teria
dificuldade com essa reivindicação. "Se reconhecemos necessidades específicas do Peru, por que
não de Burkina Fasso?", pergunta
Amorim, com resposta implícita.
Novo tema
Mas o dia não foi inteiramente
ameno para o G21. Na reunião
com a União Européia, o comissário (espécie de ministro) Agrícola europeu, o austríaco Franz
Fischler, introduziu um tema que
estava até agora ausente das negociações: a chamada Cláusula da
Paz.
Trata-se de um mecanismo pelo
qual os países-membros da OMC
renunciam ao direito de apresentar queixas contra práticas comerciais desleais, na área agrícola,
de outros membros, até o fim deste ano.
Fischler perguntou se poderia
haver uma prorrogação, ou seja,
para além de 31 de dezembro.
Amorim foi cortante: "Não".
Se a Cláusula da Paz cair, a partir de janeiro de 2004 o Brasil, como qualquer outro país da OMC,
pode cobrar reparações dos europeus (ou dos norte-americanos)
se se achar prejudicado por itens
do arsenal de protecionismo agrícola dos países ricos.
Seria um atalho, complicado,
mas presente, para o caso de não
prosperar em Cancún e nos meses seguintes o processo de liberalização da agricultura.
(CR)
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