UOL


São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2003

Texto Anterior | Índice

Com adesão da Turquia, G21 tem 22 membros

DO ENVIADO ESPECIAL A CANCÚN

A Turquia decidiu ontem integrar o G21, o grupo de países em desenvolvimento criado por inspiração do Brasil para tentar romper o protecionismo agrícola dos países desenvolvidos, em especial a União Européia e os Estados Unidos.
Mais do que elevar para 22 o número de membros, a adesão da Turquia traz para o clube um país europeu, que faz parte da Otan (a aliança militar ocidental) e reivindica ingresso na própria União Européia, sem sucesso até agora.
Parece um reforço para a tese do chanceler brasileiro, Celso Amorim, de que o G21, agora G22, alterou a "correlação de forças" na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Além de incorporar a Turquia, o G21 criou um grupo de contato com os países africanos, depois de uma reunião em que estes mostraram simpatias a respeito das propostas do grupo.
Os africanos reivindicaram que se desse especial atenção às necessidades específicas do que o jargão internacional chama de LDCs (Least Developed Countries, os pobres entre os pobres).
O Brasil, pelo menos, não teria dificuldade com essa reivindicação. "Se reconhecemos necessidades específicas do Peru, por que não de Burkina Fasso?", pergunta Amorim, com resposta implícita.

Novo tema
Mas o dia não foi inteiramente ameno para o G21. Na reunião com a União Européia, o comissário (espécie de ministro) Agrícola europeu, o austríaco Franz Fischler, introduziu um tema que estava até agora ausente das negociações: a chamada Cláusula da Paz.
Trata-se de um mecanismo pelo qual os países-membros da OMC renunciam ao direito de apresentar queixas contra práticas comerciais desleais, na área agrícola, de outros membros, até o fim deste ano.
Fischler perguntou se poderia haver uma prorrogação, ou seja, para além de 31 de dezembro. Amorim foi cortante: "Não".
Se a Cláusula da Paz cair, a partir de janeiro de 2004 o Brasil, como qualquer outro país da OMC, pode cobrar reparações dos europeus (ou dos norte-americanos) se se achar prejudicado por itens do arsenal de protecionismo agrícola dos países ricos.
Seria um atalho, complicado, mas presente, para o caso de não prosperar em Cancún e nos meses seguintes o processo de liberalização da agricultura. (CR)


Texto Anterior: ONGs atacam acordo sobre remédios
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.