|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EMPRESAS
BC apura série de operações irregulares no banco Crefisul, muitas feitas a partir da crise Mappin-Mesbla
Mansur deixa rombo de R$ 400 mi
CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DAVID FRIEDLANDER
da Reportagem Local
A aventura do empresário Ricardo Mansur no mundo financeiro terminou com um rombo de R$ 400 milhões. Esse é o tamanho
do buraco nas contas do Crefisul,
segundo documento ainda confidencial do Banco Central.
Nos próximos dias, esse balanço
deve chegar a Brasília junto com o
relatório do que os técnicos do BC
já encontraram no Crefisul, liquidado em março. O Crefisul era
uma instituição de porte médio,
que cresceu nos últimos anos com
a incorporação do banco Antônio
de Queiroz, comprado com dinheiro do Proer.
Seria mais um caso de banco
que recebeu ajuda de Brasília e
mesmo assim quebrou, se não
fosse pelo dono. Empresário de
fortuna rápida e gosto pela ostentação, Mansur foi apontado como
fenômeno dos anos 90.
Nos últimos quatro anos, ele
comprou e quebrou o Mappin e a
Mesbla, duas das maiores redes
de lojas do país, que chegaram a
faturar cerca de US$ 1 bilhão.
O mais impressionante é que,
mesmo quando seus negócios já
estavam derretendo, Mansur estudava a compra de um jato de
US$ 40 milhões e jogava pólo na
Inglaterra. Depois que o Mappin
faliu, passa a maior parte do tempo fora do país. "Ele não tem nada
para fazer aqui", diz Nelson Felmanas, advogado de Mansur.
Pelo que se descobriu até agora,
o buraco de R$ 400 milhões no
Crefisul estava embrulhado num
pacote de operações irregulares,
muitas delas feitas quando o banco passou a enfrentar uma crise
de confiança, detonada pelas dificuldades do Mappin e da Mesbla.
Foi uma tentativa desesperada de
dar sobrevida ao banco, que já estava tecnicamente quebrado.
Para fazer o balanço do Crefisul
parecer melhor do que era, seus
responsáveis teriam usado alguns
artifícios. Havia ativos superavaliados e receitas que não foram
comprovadas até agora, segundo
avaliação do BC.
Se essa suspeita se confirmar, o
banco enganou o BC e prejudicou
seus correntistas, investidores e
acionistas minoritários, usando
informações inverídicas.
"Tudo isso é discutível. O BC
pode estar sendo conservador demais", diz Felmanas, que representa os interesses de Mansur no
caso Crefisul.
Mansur, seus sócios e os administradores do banco podem ser
chamados a cobrir o rombo de
cerca do Crefisul, inclusive com
seus bens pessoais.
Ao todo, o BC tem mais de R$
200 milhões pendurados no Crefisul. Metade saiu do Proer para a
compra do Antônio de Queiroz.
Vem de um fundo formado por
contribuições dos bancos.
Os outros R$ 100 milhões foram
emprestados entre dezembro e
março, para que o Crefisul pudesse fechar as contas no final do dia
- já que ele não tinha mais crédito na praça financeira.
Texto Anterior: Painel S/A Próximo Texto: Mappin e Mesbla devem R$ 1,2 bilhão Índice
|