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ESTRANGEIROS
Pelos menos 1.200 estão parados na fila; empresas reclamam
Rigidez na concessão de vistos paralisa processos
ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio
A maior rigidez na concessão de
vistos de trabalho para estrangeiros, anunciada em maio pelo governo, fez acumular, desde então,
centenas de processos para a vinda de profissionais especializados
e executivos ao país.
O governo não informa quantos
vistos estão em análise. A Folha
calculou que, pelo menos, 1.200
estão na fila.
O secretário de Relações de Trabalho do Ministério, Murilo
Duarte, disse que "entre 450 e 500
processos" caíram em exigências
pela ausência de algum documento ou dado.
A preocupação das empresas
estrangeiras é tanta que alguns
embaixadores já procuraram pessoalmente o ministro Francisco
Dornelles (Trabalho e Emprego)
para tratar do assunto, segundo
informações de advogados especializados em imigração, confirmadas pelo próprio secretário
Duarte.
A Câmara de Comércio Brasil-França está sondando seus associados para saber a situação de
suas empresas em relação a imigrantes. "Problema há, só não sabemos ainda sua dimensão", diz a
diretora da Câmara, Michelle Lelous. O levantamento, junto a
mais de 300 empresas, vai virar
uma carta para o Ministério do
Trabalho, segundo Michelle. "As
empresas que estão se instalando
precisam trazer diretores, que, geralmente, ficam um ou dois anos e
vão embora."
O secretário admite que "realmente houve morosidade e um
certo represamento" nos processos, mas informa que a situação
"já está quase normal".
No fim de maio, Dornelles exonerou os dois funcionários responsáveis pela concessão de vistos de trabalho, depois que a Força Sindical denunciou a entrada
de profissionais encontráveis no
país, como economistas, engenheiros e arquitetos.
Dornelles disse, na época, que
estava "faltando bom senso" e pediu mais rigidez na análise dos
vistos. Segundo ele, em 98 foram
concedidos 2.480 vistos de trabalho para gerentes técnicos de empresas; 1.190 vistos para diretores
de empresas; 820 vistos para engenheiros e arquitetos; e 820 para
encanadores, soldadores e chapeadores.
Também receberam vistos 460
oficiais de bordo e 360 economistas e contadores.
Dornelles considerou esses números exagerados, por entender
que há profissionais no país em
condições de exercer esses cargos.
Os advogados do ramo estão reclamando em coro dos processos
parados.
Antônio Cândido de França Ribeiro, sócio-gerente da consultoria Overseas, especializada em
imigração, diz que tem cerca de
140 processos para pedidos de visto de trabalho pendentes desde
maio. Antes, diz, o tempo era menor.
Outro advogado, Antônio Fernando Rebelo Pinto, contabiliza
pelo menos 20. Ziara Abud, da
Atemi, de São Paulo, aponta cem
casos parados.
O secretário Murilo Duarte disse que não houve mudança alguma nos critérios que vinham sendo usados na concessão dos vistos, embora mais explicações estejam sendo pedidas às empresas
interessadas em importar pessoal.
Duarte não soube informar
quantos pedidos estão parados no
Ministério do Trabalho, mas informou que chegam 900 processos por mês e que, até junho, 5.084
vistos haviam sido autorizados.
Um processo nem sempre trata
de apenas um visto, já que, muitas
vezes, o estrangeiro traz sua família, ou uma empresa entra com
mais pedidos, explica Duarte.
O secretário disse ainda que 280
vistos foram autorizados em julho, outros 904 em agosto e que
nenhum caso de emergência deixou de ser atendido.
Fazendo um cálculo conservador de um visto por processo e tomando por base a média de 900
processos/mês, há, pelo menos,
1.212 vistos de trabalho na fila de
espera.
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