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NOVAS LOJAS
Plano é gastar US$ 200 mi
Investimento do Carrefour vai ter atraso
FÁTIMA FERNANDES
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local
A crise econômica está afetando os
planos do Carrefour, maior rede
de supermercados em operação
no Brasil. Investimentos de US$
200 milhões previstos para o início
de 99 serão realizados com atraso.
Os investimentos são destinados
à construção de quatro a seis hipermercados. Pelo novo planejamento da rede francesa, apenas
uma das obras começará no início
do ano que vem. As outras provavelmente ficarão para o segundo
semestre.
"Estamos preparados para crescer, mas ainda não demos a autorização para a realização imediata
dos investimentos", diz Jean Duboc, diretor-superintendente da
rede.
Existem duas razões para o atraso. O Carrefour decidiu agir com
cautela diante das incertezas em
torno da crise econômica. Para
Duboc, seria "irresponsabilidade" agir como se nada tivesse mudado na economia mundial nos
últimos tempos.
"O comportamento do Carrefour não é de medo, é de prudência", diz o executivo, que acaba de
completar um ano à frente do Carrefour brasileiro.
O outro motivo é que o Carrefour está acertando detalhes de
dois investimentos de peso. Na
França, a empresa comprou a rede
Comptoirs Modernes, especializada em lojas de tamanho médio.
No Brasil, a Comptoirs Modernes acertou a compra de 23 pontos-de-venda das Lojas Americanas, que têm perfil de supermercados. Duboc não fala sobre esses investimentos, mas diz que as negociações com a Comptoirs Modernes devem afetar o planejamento
do Carrefour no Brasil.
Responsável por 16% das vendas
e 20% do lucro do Carrefour mundial, a filial brasileira ocupa uma
posição-chave na estratégia da
empresa francesa. No ano passado, a rede faturou US$ 5,5 bilhões
no Brasil. De janeiro a julho de 98,
as vendas cresceram cerca de 6,2%
acima da inflação.
Promoções
No segundo semestre, os resultados não são tão animadores como no início do ano. Em setembro, diz Duboc, o setor de supermercados no Brasil sofreu queda
de faturamento de mais de 10% em
relação a agosto. O Carrefour também sentiu a queda nas vendas,
mas Duboc não diz quanto.
Para enfrentar o enfraquecimento do consumo, o Carrefour planeja aumentar as promoções. Os
franceses apostam que conseguem
baixar os preços por meio de uma
mudança no sistema de compras.
Desde que se instalou no país, há
23 anos, o Carrefour adotou um
modelo de compras descentralizado, como se cada loja fosse uma
empresa independente. Agora, a
rede está concentrando suas compras para aumentar o volume de
encomendas e obter descontos
dos fornecedores.
A centralização está sendo feita
não só no Brasil, mas também nos
outros 19 países onde a rede atua.
Boa parte dos produtos está sendo
negociada na sede, em Paris, com
grandes multinacionais, como a
Philips, Nestlé e L'Oreal. Já foram
fechados cerca de 50 contratos em
escala mundial.
O Carrefour quer mostrar o potencial do novo sistema de negociações na comemoração de seus
35 anos, a partir desta semana. De
15 a 24 deste mês, o Carrefour vai
oferecer dezenas de produtos com
descontos entre 20% e 50%, de
acordo com Duboc. Com o título
de "um mês nunca visto no Brasil", a promoção inclui produtos
eletrônicos, roupas e alimentos.
Concorrência
As promoções têm o objetivo de
disputar mercado com a concorrência em um ano que o superintendente do Carrefour imagina
que será "difícil". Com a previsão
dos economistas de que o Brasil
sofrerá dura recessão em 99, o
Carrefour ainda não tem planos
para novas aquisições.
"Se aparecer um negócio é claro
que, como os demais concorrentes, estudaremos. Hoje não estamos negociando nada", diz Duboc.
Em 98, o Carrefour comprou a
rede paulista Eldorado, com oito
lojas, além de abrir dois novos hipermercados. Atualmente, a rede
tem 58 hipermercados, concentrados principalmente na região Sudeste do país.
Duboc tem grande experiência
em lidar com crises econômicas.
Ele dirigiu o Carrefour mexicano
no período de colapso do peso,
quando a economia chegou a sofrer retração de 6% do PIB.
Na sua opinião, a situação brasileira é diferente da mexicana.
"No México, houve problema
de comunicação com os investidores externos, que resultou na
perda de confiança no país", diz
Duboc. "No Brasil, não há problema de confiança. O dinheiro
que está saindo do país é especulativo -esse dinheiro não é bom."
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