São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IMPREVIDÊNCIA No Rio, aposentados enfrentam calvário para sacar benefícios, que ainda continuam bloqueados, e se recadastrar Idosos ainda têm problemas para receber
FABIANA CIMIERI DA SUCURSAL DO RIO Enquanto o ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini, pedia novamente desculpas aos aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), dezenas de idosos esperavam até três horas na fila de um posto em Copacabana (zona sul do Rio). Eles reclamavam que não tinham recebido o pagamento dos benefícios, que deveria ter sido normalizado anteontem, de acordo com o Ministério da Previdência Social. Berzoini esteve no Rio ontem de manhã a convite de representantes de entidades de defesa dos direitos dos idosos. O Estado teve 23 mil pagamentos bloqueados. Segundo o ministro, o Rio foi o Estado que apresentou o maior número de problemas relacionados ao pagamentos dos benefícios. A aposentada Maria Alzira Garcia, 101, procurou de manhã o posto da Tijuca (zona norte), onde mora, para fazer o recadastramento. O funcionário que a atendeu disse que ela teria de ir ao posto de Copacabana. Sem receber Garcia deveria ter recebido a aposentadoria de R$ 240 no quinto dia útil (sexta-feira passada) do mês, mas o dinheiro foi bloqueado e ela só conseguiu recebê-lo ontem. A aposentada foi fazer o recadastramento para não ter de enfrentar fila caso o governo fixe um novo prazo. A professora aposentada Ana Elisa Lacerda de Miranda, 67, disse que seu pagamento foi suspenso indevidamente, pois tem menos de 90 anos. Até ontem de manhã, ela não havia recebido, apesar da promessa do ministério de liberar o dinheiro anteontem. Miranda disse ter feito o recadastramento na última quinta-feira, dia em que deveria receber. Com o documento na mão, ela tentou, sem sucesso, receber os R$ 787,98 de sua aposentadoria. A pensionista Maria Machado, 90, professora de sapateado aposentada, continua com o benefício de R$ 240 bloqueado. Ela foi ao posto acompanhada da filha, Amélia Machado, que dizia estar indignada por ter ficado sabendo da exigência de recadastramento e do bloqueio pelos meios de comunicação. "Foi uma intervenção inconstitucional, como fez o Collor com as cadernetas de poupança", disse ela. Berzoini admite erro Berzoini admitiu que houve bloqueios indevidos no Rio. O ministério suspeita que haja muitos benefícios pagos indevidamente, em nome de pessoas que já morreram. "Não são apenas os atingidos pela medida que foram submetidos a constrangimento. Ele atinge, inclusive, o próprio ministro, que assistiu às cenas e reconheceu esse erro", afirmou Berzoini. Para ele, a equipe que trabalhou na proposta de recadastramento "cometeu muitos erros, mas com vontade de acertar". Afirmou que o maior erro foi vincular o recadastramento ao bloqueio, o que causou filas e correria aos postos e agências do INSS. Após a reunião, Berzoini disse que muitas falhas poderiam ter sido evitadas se o ministério tivesse maior contato com a sociedade. Texto Anterior: O vaivém das commodities Próximo Texto: Faltou sensibilidade social, diz Berzoini Índice |
|