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São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

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Faltou sensibilidade social, diz Berzoini

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini, afirmou ontem que não houve "sensibilidade social" do Ministério da Previdência no bloqueio do pagamento dos benefícios de aposentados com mais de 90 anos ocorrido na semana passada.
A afirmação foi feita a deputados durante audiência pública na Comissão de Seguridade Social da Câmara em que ele explicou a suspensão do pagamento. Na semana passada, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) bloqueou o pagamento a aposentados com mais de 90 anos.
"Não se pode brigar com a realidade. Nesse episódio faltou, na análise e na formulação da proposta, uma sensibilidade social mais profunda", reafirmou o ministro em entrevista após a audiência. Os benefícios com finais 1 a 5 foram bloqueados ao longo da semana, gerando revolta dos aposentados. O governo foi obrigado a rever a medida e suspendeu o bloqueio.
No início da noite, Berzoini teve reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na qual explicou a medida. A assessoria de imprensa da Presidência da República informou que "o presidente entendeu que houve erro operacional que já está sendo reparado" e comentou que "o ministro está fazendo um trabalho primoroso no combate às fraudes".
Na sexta-feira, Berzoini concedeu entrevista pela manhã e se negou a pedir desculpas pelo transtorno. No final da tarde, o ministro recuou e pediu desculpas publicamente.
Para evitar um desgaste ainda maior do ministro, a base do governo mobilizou ontem uma tropa de choque para comparecer à audiência e manifestar apoio a Berzoini. Mesmo a oposição fez críticas moderadas à trapalhada da Previdência e reconheceu o pedido de desculpas do governo.
"Embora tenha demorado, o senhor admitiu que errou", disse o líder do PFL na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (BA). A cadeira de ministro da Previdência Social foi ocupada sucessivamente pelo PFL durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Walter Feldman (SP), chegou a pedir a demissão do diretor de benefícios do INSS, Benedito Brunca, que assinou o memorando-circular determinando a suspensão do pagamento.
Berzoini respondeu, no entanto, que era lamentável ouvir do PSDB o pedido de demissão do único diretor do INSS nomeado no governo passado e que foi mantido na atual gestão.
"Aqueles que vieram aqui fazer palanque político perderam a viagem", disse o líder do PT, deputado Nelson Pellegrino (BA).
Durante a audiência do ministro, entidades de aposentados protestaram contra a suspensão dos benefícios.


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