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Faltou sensibilidade social, diz Berzoini
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini, afirmou
ontem que não houve "sensibilidade social" do Ministério da Previdência no bloqueio do pagamento dos benefícios de aposentados com mais de 90 anos ocorrido na semana passada.
A afirmação foi feita a deputados durante audiência pública na
Comissão de Seguridade Social da
Câmara em que ele explicou a
suspensão do pagamento. Na semana passada, o INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social) bloqueou o pagamento a aposentados com mais de 90 anos.
"Não se pode brigar com a realidade. Nesse episódio faltou, na
análise e na formulação da proposta, uma sensibilidade social
mais profunda", reafirmou o ministro em entrevista após a audiência. Os benefícios com finais 1
a 5 foram bloqueados ao longo da
semana, gerando revolta dos aposentados. O governo foi obrigado
a rever a medida e suspendeu o
bloqueio.
No início da noite, Berzoini teve
reunião com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva na qual explicou a medida. A assessoria de imprensa da Presidência da República informou que "o presidente
entendeu que houve erro operacional que já está sendo reparado"
e comentou que "o ministro está
fazendo um trabalho primoroso
no combate às fraudes".
Na sexta-feira, Berzoini concedeu entrevista pela manhã e se negou a pedir desculpas pelo transtorno. No final da tarde, o ministro recuou e pediu desculpas publicamente.
Para evitar um desgaste ainda
maior do ministro, a base do governo mobilizou ontem uma tropa de choque para comparecer à
audiência e manifestar apoio a
Berzoini. Mesmo a oposição fez
críticas moderadas à trapalhada
da Previdência e reconheceu o pedido de desculpas do governo.
"Embora tenha demorado, o senhor admitiu que errou", disse o
líder do PFL na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (BA). A cadeira de ministro da Previdência
Social foi ocupada sucessivamente pelo PFL durante o governo
Fernando Henrique Cardoso.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Walter Feldman (SP),
chegou a pedir a demissão do diretor de benefícios do INSS, Benedito Brunca, que assinou o memorando-circular determinando
a suspensão do pagamento.
Berzoini respondeu, no entanto, que era lamentável ouvir do
PSDB o pedido de demissão do
único diretor do INSS nomeado
no governo passado e que foi
mantido na atual gestão.
"Aqueles que vieram aqui fazer
palanque político perderam a viagem", disse o líder do PT, deputado Nelson Pellegrino (BA).
Durante a audiência do ministro, entidades de aposentados
protestaram contra a suspensão
dos benefícios.
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