São Paulo, domingo, 12 de novembro de 2006

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Mercado Aberto

@ - Guilherme Barros

"Ajuste não precisa de cortes", diz Delfim

Um dos nomes cotados para uma vaga de ministro no segundo mandato de Lula, o deputado Delfim Netto (PMDB-SP) acredita que o governo tem todas as condições de elaborar um plano factível de controle das despesas sem a necessidade de promover cortes.
Para ele, se o governo conseguir apresentar um plano convincente, o país terá todas as condições de crescer 5% em 2007. "Se for um programa crível, que consiga cooptar o setor privado, o país terá combustível para um forte crescimento no ano que vem",diz Delfim.
Nas últimas semanas, a equipe econômica do governo vem elaborando um plano econômico que consiga elevar a taxa de crescimento do PIB e, ao mesmo tempo, não comprometa as promessas de campanha de Lula. Sem poder cortar as despesas, o governo aposta suas fichas no crescimento da economia, apesar dos números acanhados de 2005 e 2006.
Delfim acha viável o governo apresentar um plano que não exija cortes de gastos, seja em saúde, educação ou mesmo na Previdência. O fundamental é congelar as despesas e exigir um pequeno aumento de produtividade. Não precisa ser um grande aumento. Algo como 1,5%, semelhante ao crescimento da população, já seria suficiente.
"Agora, para isso, o médico vai precisar dar três consultas em vez de duas, e os professores, duas aulas e meia em vez de duas", diz Delfim. "Um programa de corte de despesas é conversa para boi dormir."
O grande problema é que é muito difícil para este ou qualquer governo adotar um plano que promova um corte dramático de despesas ou a perda de direitos já conquistados. "Não há programa que funcione que faça um corte radical de gastos ou que retire o direito de alguém", diz Delfim.
Todos, na sua opinião, precisam continuar a receber os benefícios conquistados nos últimos anos, o que não significa, para Delfim, que não se discuta as reformas estruturais, a começar pela trabalhista.
Otimista, Delfim diz que Lula está consciente disso e fará tudo para encerrar o seu segundo mandato como um dos maiores estadistas da história do país. As maiores dificuldades, segundo Delfim, são de ordem política. "O Brasil está ameaçado por um único medo. O medo da oposição de que Lula se transforme em um estadista. E ele tem todas as chances para isso", afirma.
Sobre a possibilidade de exercer um cargo no primeiro escalão do governo, Delfim diz que tudo não passa de especulação. Até porque, segundo ele, Lula ainda não deve ter definido nenhum nome nem discutido essa questão com seus auxiliares. "No momento que ele define um nome, o atual vai estar morto e o governo só termina no dia 31 de dezembro", diz Delfim.

Frase

"Um programa de corte de despesas é conversa para boi dormir"
DELFIM NETTO
deputado federal (PMDB-SP)

DEIXA O HOMEM COZINHAR
Na campanha presidencial, muito se falou de privatização, de corte de gastos e da origem do dinheiro para pagar o dossiê, mas ninguém se lembrou da gastronomia. Na semana passada, quatro chefs se reuniram em São Paulo, em um casarão construído no início do século 20 para abrigar uma família da elite industrial paulistana da época. Motivo do encontro: uma campanha publicitária de cartões de crédito da Visa. Nesse ambiente, os cozinheiros falaram da economia e deram dicas para o segundo mandato de Lula. Todos se mostraram satisfeitos com a reduzida inflação, mas concordam que ainda há muito que se fazer. Para o francês Bassoleil, que vive aqui há 19 anos, a economia brasileira tem sido "um aprendizado". Investir em hotelaria, segundo ele, daria impulso ao seu setor. Sérgio Arno diz que, atualmente, para crescer, os restaurantes precisam adotar medidas para baixar custos. Jun Sakamoto, especialista em sushis, vai longe na crítica aos escândalos. Sugere que Lula "abra o olho" e diz que o Brasil não puniu a corrupção na urna. À moda do presidente, Alex Atala usou metáforas de futebol. "Ele precisa jogar para a torcida, para a cativa e para a arquibancada." Sua dica é investir no pequeno produtor. "No ateliê de cozinha, precisamos de itens produzidos em pequena escala."

CONSUMO
Quem dita tendências de consumo nem sempre são as pessoas de alta renda, segundo pesquisa da TNS-InterScience com 500 consumidores de São Paulo, que será divulgada nesta semana. Ela aponta que os "consumidores do futuro" -que adotam novidade e influenciam- possuem renda e idade semelhante aos outros. O que determina esse perfil é o grau de envolvimento com o produto, ou seja, a freqüência de compra e o nível de informação do comprador (veja quadro acima).

CONSUMO
Quem dita tendências de consumo nem sempre são as pessoas de alta renda, segundo pesquisa da TNS-InterScience com 500 consumidores de São Paulo, que será divulgada nesta semana. Ela aponta que os "consumidores do futuro" -que adotam novidade e inflenciam- possuem renda e idade semelhante aos outros. O que determina esse perfil é o grau de envolvimento com o produto.

NOVO CARGO
Como parte do seu reposicionamento no mercado em 2007, o banco BVA contratou o executivo Ivo Lodo. Ele passou pelos bancos J.Safra e Safra e por consultorias a grandes instituições. Lodo foi nomeado como principal executivo do BVA.

TREINAMENTO
A Sistematic Inventive Thinking, consultoria de inovação européia, vem ao Brasil para o workshop e o programa de treinamento Beyond Brainstorming da ESPM, entre os dias 21 e 23.

CONSIGNADO
Milto Bardini, presidente da ABBC (associação de bancos comerciais), pleiteou ao Ministério da Previdência e ao Banco Central o acesso dos aposentados ao crédito consignado. A idéia é que os aposentados usem o cartão benefício, utilizado para sacar normalmente os benefícios do INSS como veículo para obter o crédito consignado. Os empréstimos poderiam ser retirados em ATMs (terminais de atendimento) ou em casas lotéricas. No Brasil, 65% dos aposentados não dispõem de conta bancária.


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