São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2000

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PETRÓLEO

Analistas estimam que a Opep vai monitorar os preços do petróleo para mantê-los entre US$ 22 e US$ 28 o barril

Preços do óleo projetam queda em 2001
France Presse
Barcos pesqueiros da Polônia bloquearam ontem um porto em Gdansk, em protesto aos elevados preços dos combustíveis no país



MAFALDA AVELAR
RICARDO GRINBAUM
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de a cotação do preço do petróleo ter subido ontem, os especialistas acreditam que a fase de preços altos está mesmo chegando ao fim. Para os analistas, a alta de ontem foi uma exceção numa tendência de estabilidade ou queda nas cotações para 2001.
Ontem, o preço do óleo subiu US$ 0,85, chegando a US$ 27,55 por barril, por duas razões. A primeira delas é que os institutos de meteorologia prevêem um inverno mais rigoroso nos EUA daqui para a frente, o que aumentaria o consumo de gás.
Por enquanto, essa tendência não é forte o suficiente para forçar uma alta significativa das cotações. A maior razão para a alta de ontem foram as dúvidas existentes sobre os planos do Iraque, responsável por um quinto das exportações mundiais de óleo.
O Iraque suspendeu suas exportações de óleo porque queria negociar melhores preços com as Nações Unidas, uma vez que o país está submetido a um regime especial de trocas comerciais. Ontem, a ONU acatou os pedidos iraquianos, mas o governo de Saddam Hussein ainda não levantou a suspensão das exportações.
"A tendência é de manutenção dos preços do petróleo até o fim do ano na casa de US$ 28,00 por barril e no ano que vem, deve cair mas não deve ultrapassar os US$ 23,00 por barril. A grande dúvida é se o Iraque vai aprontar alguma surpresa para aproveitar a troca de presidente nos EUA", diz Sarah Emerson, da consultoria norte-americana ESAI.
Se não houverem surpresas, como um boicote iraquiano ou uma forte recessão nos EUA, os analistas acreditam que o preço do óleo deve cair ao longo do próximo ano. Os números variam entre US$ 20,00 por barril a US$ 28,00.
"Os preços dos últimos oito meses são insustentáveis", diz Elias Egnem, analista do banco norte-americano Bear Sterns, em Nova York. O Bear Sterns é um dos mais radicais da praça financeira: aposta numa cotação de US$ 20,00 por barril em 2001.
Segundo o analista Fábio Silveira, da consultoria Tendências, os preços devem cair por dois fatores. O primeiro deles é que a oferta de óleo pela Opep está crescendo ao ritmo de 3,5% ao ano para abater os preços, que haviam chegado a patamares muito altos.
Ao mesmo tempo, a demanda está em queda porque os preços estavam muito altos e porque a economia norte-americana começa a dar sinais de desaquecimento. "As cotações devem ficar em torno de US$ 27,00 por barril no primeiro semestre do ano que vem e em US$ 25,00 no segundo semestre", acredita Silveira.
A maioria dos analistas não acredita que os preços vão despencar até chegar a US$ 20,00 por barril porque a Opep está disposta a reagir. Há exatos dois anos, a cotação do barril estava em US$ 9,68 e os países produtores de óleo estavam perdendo dinheiro. O cartel se reuniu, cortou a produção e começou a onda de alta.
Agora, dizem os especialistas, a Opep vai tentar calibrar os preços de maneira que fiquem em torno de US$ 25,00 por barril. Ontem mesmo, o Kuait, o Irã e a Venezuela começaram a falar em uma redução de produção da ordem de um milhão de barris por dia.
"O anúncio de corte de produção não passa de uma ameaça", diz Mônica Araújo, da Bes-Securities Brasil. Também interessa aos países produtores que se chegue a um preço de equilíbrio.
Enquanto os preços estiverem variando entre US$ 22,00 e US$ 28,00 por barril, estarão dentro das margens da Opep.


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