São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2000

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EUA

Edward Yardeni, principal estrategista da Deutsche Bank Securities, crê em pouso suave da economia americana

Fed deverá cortar juro ano que vem

KENNETH N. GILPIN
DO "THE NEW YORK TIMES"

Alan Greenspan tentou acalmar as coisas com seu discurso, na semana passada, mas os problemas continuam chegando.
E, por isso, o quarto trimestre não parece muito animador - que o digam Bank of America, Apple, Motorola e Intel. Cada uma dessas empresas anunciou na semana passada que seus lucros cairiam, ou não existiriam, nos últimos três meses do ano.
O varejo espera que as vendas natalinas sejam fracas. Greenspan pediu que todos respirassem fundo. A economia de fato perdeu ímpeto, disse ele, mas está em melhor forma agora do que há dois anos. Ele chegou a sugerir que o Fed poderia começar a cortar as taxas de juros. O que um investidores deveria fazer? Edward Yardeni, o principal estrategista de investimento da Deutsche Bank Securities, fala sobre o assunto em entrevista a seguir.

Pergunta - Greenspan parece seguro de que não haverá aterrissagem forçada. O sr. concorda?
Edward Yardeni -
Sim. Em seu discurso, ele basicamente disse que aquilo que ele esperava está acontecendo. Por exemplo, em julho, ele previu uma queda na demanda por bens de consumo duráveis. Isso está acontecendo.

Pergunta - Um corte nas taxas de juros virá logo?
Yardeni -
Acredito que haverá pelo menos um corte de juros de 0,25 ponto percentual no primeiro trimestre. Em geral são necessários dois cortes de juros para reverter o sentimento do mercado.

Pergunta - Existe a preocupação de que uma queda nos investimentos de capital atrase o crescimento do ano que vem. Isso é provável?
Yardeni -
Existe uma teoria de que investimos em excesso. Mas o país é imenso, e poderíamos ter revezes em algumas áreas e melhoras em outras. Não me surpreenderia, por exemplo, que o setor de energia ampliasse seus dispêndios de capital no ano que vem. Até mesmo o setor de telecomunicações talvez não seja tão fraco quanto se antecipa. O investimento de capital em tecnologia é bastante diferente do investimento de capital mais tradicional. Sempre que a economia entrou em recessão, no passado, o investimento de capital era congelado porque não fazia sentido expandir a capacidade produtiva naquelas circunstâncias. Mas o investimento em tecnologia aumenta a produtividade e reduz os custos. Nos últimos meses, tenho feito pesquisas mensais com diretores de tecnologia da informação. Eles jamais vacilaram em sua previsão de que os investimentos de capital em sua área aumentarão em 18% em 2001. Agora, talvez seja possível que eles não tenham sido informados por seus diretores de que houve um corte de verba. Mas, até o momento, parece que os orçamentos de tecnologia continuam intactos.

Pergunta - Com o Fed em guarda contra uma recessão, o que o senhor espera das Bolsas de Valores?
Yardeni -
Acredito que a economia será bastante débil na primeira metade do ano, e os mercados muito instáveis. Os varejistas talvez se saiam melhor e até mesmo as ações das montadoras de automóveis podem se estabilizar. A tecnologia sairá do vermelho, mas serão as empresas de infra-estrutura, as que constróem as redes de telefonia sem fio, Internet e fibras ópticas, as beneficiadas. Há muitas boas oportunidades, mas, devido às quedas da Nasdaq, as pessoas foram forçadas a se transformar em investidores de longo prazo. Teremos sorte se tivermos retornos de 8% a 10% ao ano nas Bolsas, durante os próximos cinco anos. Os cinco últimos anos foram um período excepcional.


Tradução de Paulo Migliacci

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