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VINICIUS TORRES FREIRE
Quem dança a quadrilha
Collor pariu Renan, que pariu
Garibaldi, apoiado por Sarney,
que "articula" pelo lulismo,
como Jader. Severino voltará
NÓS, JORNALISTAS , que temos
uma queda meio tonta por
efemérides, deixamos passar
data importante, o passado de uma
perversão e o futuro de uma ilusão, a
de um Congresso melhor. Pelo livro
de efemérides do atual barão de Murici e ex-mordomo do paço de Fernando Collor, Renan Calheiros, vê-se que uma das grandes linhagens
políticas que degradam a vida brasileira atingiu a maioridade neste ano.
Faz 18 anos que esse Calheiros se
grudou como uma craca no casco do
barco furado da política nacional.
Cracas, aqueles bichos cascudos,
também conhecidos como caracas.
Foi na eleição de Collor, em 1989.
Após Collor, esse Calheiros viveu
breve ostracismo. Mas foi vice-presidente da estatal Petroquisa no governo Itamar Franco. Foi ministro
da Justiça de FHC. Tornou-se enfim
articulador político do lulismo.
Calheiros, que ora submerge e novamente se gruda no fundo do casco,
multiplicou a sua linhagem, além de
reuni-la a famílias mais antigas do
coronelato, como a de José Sarney.
Sarney, ex-UDN, ex-Arena e ex-PDS, esteios da ditadura, a seguir
juntou-se à facção ratos do navio do
PDS, o PFL, facção que pulou fora do
barco quando a ditadura afundava,
esse PFL que ficou com o collorismo
até o fim, a ponto de carregar o caixão do presidente impichado.
Collor pariu Renan, que pariu Garibaldi Alves, que deve se aboletar na
presidência do Senado. Garibaldi é
um tipo que, diante de perguntas sobre rádios supostamente de sua propriedade, disse "não saber" se possuía uma empresa de comunicação
e, caso possuísse, seria "um pepino".
Segundo lógica básica, quem diz tal
tipo de coisa é idiota ou é safado.
Sarney, que se bandeou do PFL
para o PMDB, inaugurou a linhagem
Jader Barbalho. Barbalho foi ministro da Reforma Agrária e da Previdência no governo Sarney, que mal
começado promoveu o estelionato
do Cruzado e acabou em hiperinflação, o colapso que deu em Collor.
Barbalho viria a ser presidente do
Senado nos tempos de FHC, com o
apoio do presidente tucano. Bateu
ACM na disputa. ACM e Jader renunciaram a seus mandatos por medo de cassação. O duelo de titanics,
as acusações entre os dois, terminou
em abraço de afogados. Progresso?
Um renunciável como Calheiros logrou manter o mandato, com apoio
da escória do Senado, a maioria.
Aliás, antes de FHC agregar Barbalho à sua corte, o ex-governador
do Pará dizia o seguinte do mandarinato fernandino: "Todo governo começa em clima de festa. O do outro
Fernando também começou assim".
O ingrato Barbalho e Sarney hoje
"articulam" pelo lulismo.
ACM era amigão de José Roberto
Arruda, senador pelo PSDB, com
quem violou o segredo de votação no
Senado. Arruda, ora no PFL-Democratas, é amiguinho de Lula, apesar
de seu partido de direita carcomida
ser de oposição. É liderado pelo "deminho" júnior Rodrigo Maia. Para
Maia, os "demos" são o "centro reformista", embora não creia em esquerda e direita. É um gênio da geometria política: acha o centro sem
acreditar em extremidades. Talvez
se trate de outro conceito transcendental desse partido que, "reformista", abriga a senadora Kátia Abreu,
da bancada do pelourinho.
Sim, estamos perto de ver a ressurgência de Severino Cavalcanti.
vinit@uol.com.br
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