São Paulo, quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

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Fed corta juro, mas frustra investidores

BC dos EUA reduz taxa em 0,25 ponto percentual, mas queda das Bolsas após decisão indica que mercado esperava mais

Juros são reduzidos pela 3ª vez consecutiva, para 4,25% ao ano, na tentativa de evitar que economia americana entre em recessão

DA REDAÇÃO

O Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) decidiu ontem reduzir pela terceira reunião seguida a taxa de juros básica, desta vez vez em 0,25 ponto, para 4,25%. Logo após o anúncio, as Bolsas mundiais, que operaram a maior parte do dia em leve alta, tiveram queda expressiva. O Dow Jones caiu 2,14%, a Nasdaq, 2,45%, e a Bovespa, 1,43%.
A medida é uma tentativa do Fed de impedir que a principal economia mundial entre em recessão e já era esperada pelo mercado. Pesquisa feita pelo "Wall Street Journal" mostrava que 61% dos economistas aguardavam um corte de 0,25 ponto, 27%, um de 0,50 ponto, e os demais, que o Fed não alterasse a taxa. Porém a forte queda das Bolsas depois da decisão aponta que havia a expectativa de um corte maior.
A medida foi aprovada por nove votos a um. O representante do Fed de Boston queria um corte maior, de 0,50 ponto. Além disso, o BC americano reduziu em 0,25 ponto, para 4,75%, o juro de redesconto, que é a taxa cobrada pela instituição para emprestar dinheiro aos bancos comerciais.
"As informações recebidas sugerem que o crescimento econômico está se desacelerando, reflexo da intensificação da correção imobiliária e de uma queda nos gastos das empresas e dos consumidores. Além disso, as dificuldades nos mercados financeiros aumentaram nas últimas semanas", diz a nota do Fed, para quem as medidas devem ajudar a "promover um crescimento moderado".
O texto afirma ainda que o BC dos Estados Unidos "agirá quando for necessário para garantir a estabilidade dos preços e o crescimento econômico sustentável". A declaração foi vista como um sinal de que o Fed poderá cortar novamente os juros no ano que vem -a sua próxima reunião está marcada para 29 e 30 de janeiro.
Ao diminuir as duas taxas, o Fed quer tornar mais barato o empréstimo para consumidores, injetando dinheiro na economia. A taxa de juros básica é usada nos empréstimos entre os bancos comerciais. Pelas regras do BC dos EUA, eles precisam ter em caixa no final de cada dia pelo menos 10% do total das suas reservas. Caso estejam abaixo desse nível, elas geralmente recorrem a empréstimos com concorrentes.
Apesar de o PIB americano ter se expandido em 4,9% no último trimestre -a maior taxa desde o terceiro trimestre de 2003-, os sinais apontam que a economia dos EUA deve se desaquecer nos próximos meses. O setor imobiliário continua a ser a principal preocupação, mas o gasto do consumidor, que é um dos principais da economia americana, já mostra sinais de desaceleração.
O próprio presidente do Fed, Ben Bernanke, afirmou, no final do mês passado, que o consumidor ainda deve enfrentar alguns "ventos contrários" nos próximos meses. Segundo ele, o Fed terá que permanecer "excepcionalmente alerta e flexível". As declarações foram interpretadas como sinal de que o BC dos EUA cortaria os juros.
Também no fim de novembro, a Casa Branca reduziu a previsão de crescimento do PIB dos EUA para o ano que vem, de 3,1% para 2,7%.


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