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Fed corta juro, mas frustra investidores
BC dos EUA reduz taxa em 0,25 ponto percentual, mas queda das Bolsas após decisão indica que mercado esperava mais
Juros são reduzidos pela 3ª vez consecutiva, para
4,25% ao ano, na tentativa de evitar que economia
americana entre em recessão
DA REDAÇÃO
O Fed (Federal Reserve, o
banco central dos EUA) decidiu
ontem reduzir pela terceira
reunião seguida a taxa de juros
básica, desta vez vez em 0,25
ponto, para 4,25%. Logo após o
anúncio, as Bolsas mundiais,
que operaram a maior parte do
dia em leve alta, tiveram queda
expressiva. O Dow Jones caiu
2,14%, a Nasdaq, 2,45%, e a Bovespa, 1,43%.
A medida é uma tentativa do
Fed de impedir que a principal
economia mundial entre em
recessão e já era esperada pelo
mercado. Pesquisa feita pelo
"Wall Street Journal" mostrava
que 61% dos economistas
aguardavam um corte de 0,25
ponto, 27%, um de 0,50 ponto,
e os demais, que o Fed não alterasse a taxa. Porém a forte queda das Bolsas depois da decisão
aponta que havia a expectativa
de um corte maior.
A medida foi aprovada por
nove votos a um. O representante do Fed de Boston queria
um corte maior, de 0,50 ponto.
Além disso, o BC americano reduziu em 0,25 ponto, para
4,75%, o juro de redesconto,
que é a taxa cobrada pela instituição para emprestar dinheiro
aos bancos comerciais.
"As informações recebidas
sugerem que o crescimento
econômico está se desacelerando, reflexo da intensificação da
correção imobiliária e de uma
queda nos gastos das empresas
e dos consumidores. Além disso, as dificuldades nos mercados financeiros aumentaram
nas últimas semanas", diz a nota do Fed, para quem as medidas devem ajudar a "promover
um crescimento moderado".
O texto afirma ainda que o
BC dos Estados Unidos "agirá
quando for necessário para garantir a estabilidade dos preços
e o crescimento econômico
sustentável". A declaração foi
vista como um sinal de que o
Fed poderá cortar novamente
os juros no ano que vem -a sua
próxima reunião está marcada
para 29 e 30 de janeiro.
Ao diminuir as duas taxas, o
Fed quer tornar mais barato o
empréstimo para consumidores, injetando dinheiro na economia. A taxa de juros básica é
usada nos empréstimos entre
os bancos comerciais. Pelas regras do BC dos EUA, eles precisam ter em caixa no final de cada dia pelo menos 10% do total
das suas reservas. Caso estejam
abaixo desse nível, elas geralmente recorrem a empréstimos com concorrentes.
Apesar de o PIB americano
ter se expandido em 4,9% no
último trimestre -a maior taxa
desde o terceiro trimestre de
2003-, os sinais apontam que
a economia dos EUA deve se
desaquecer nos próximos meses. O setor imobiliário continua a ser a principal preocupação, mas o gasto do consumidor, que é um dos principais da
economia americana, já mostra
sinais de desaceleração.
O próprio presidente do Fed,
Ben Bernanke, afirmou, no final do mês passado, que o consumidor ainda deve enfrentar
alguns "ventos contrários" nos
próximos meses. Segundo ele, o
Fed terá que permanecer "excepcionalmente alerta e flexível". As declarações foram interpretadas como sinal de que o
BC dos EUA cortaria os juros.
Também no fim de novembro, a Casa Branca reduziu a
previsão de crescimento do
PIB dos EUA para o ano que
vem, de 3,1% para 2,7%.
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