São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

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MERCADO ABERTO

BC acelera queda do juro, diz analista

O resultado da produção industrial de novembro e os indicadores antecedentes da atividade econômica para dezembro jogaram um balde de água fria nas previsões para a economia neste ano. As apostas agora são as de que o crescimento do PIB ficará muito abaixo dos 4% previstos pelo Banco Central.
Diante desses novos indicadores para a indústria, a consultoria Tendências refez as suas projeções. O crescimento do PIB para 2005 baixou de 2,6% para 2,3%, e, para 2006, de 3,4% para 3,2%.
Para o economista Roberto Padovani, da Tendências, essa mudança de cenário deve se refletir na reunião do Copom, na semana que vem. A previsão é a de que o BC irá acelerar o ritmo de redução dos juros. A consultoria acha provável que o Copom promova um corte de 0,75 ponto percentual já na semana que vem e em todas as demais reuniões dos primeiros seis meses deste ano.
Segundo Padovani, a expectativa, agora, diante desses resultados, é a de que a Selic caia dos atuais 18% para 15% ainda no final deste primeiro semestre. De acordo com pesquisa da Febraban com 51 dos maiores bancos do país, divulgada ontem, a aposta do mercado é a de que esse patamar de 15% da Selic só seja atingido em dezembro deste ano.
Há hoje, segundo ele, sinais fortes para o BC acelerar o processo de redução de juros. O maior é a inflação. A bússola da Tendências indica uma taxa para o IPCA, o índice oficial, de 4,1% neste ano, abaixo, portanto, do centro da meta, de 4,5%.
Em relação ao câmbio, a Tendências não prevê grandes pressões, diante do atual ritmo do crescimento mundial, mesmo com as eleições. Nesse caso, as exportações continuam a ser impulsionadas, fazendo com que a projeção para o superávit comercial alcance US$ 41 bilhões.

SOB DISPUTA
Deve esquentar a disputa pela Light, distribuidora de energia do Rio. Estão varando a madrugada as reuniões dos notáveis cariocas que compõem o conselho do consórcio liderado pelo presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, que inclui Eliezer Baptista, Armando Klabim, Olavo Monteiro de Carvalho e Carlos Mariani Bittencourt. O grupo, batizado de "Energia do Rio", defenderá a importância de a Light permanecer nas mãos de administradores do Rio. O discurso contraria os interesses de um outro consórcio na disputa, liderado pela Cemig e pela Andrade Gutierrez.

INTERCÂMBIO
O IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo) passará a integrar a National Retail Federation, maior associação varejista americana, com sede em Washington. Para Flávio Rocha, presidente do IDV, será uma oportunidade para debater idéias e adquirir conhecimento.

MISSÃO
A UIA (União Industrial Argentina), espécie de Fiesp do país vizinho, enviará missão com até 50 empresários ao Nordeste em abril. O objetivo, incrementar as exportações para a região.

PREOCUPAÇÃO
A entrada de Antonio Fadiga no comando da Fischer America causou apreensão a clientes da agência. Alguns ligaram para perguntar se Eduardo Fischer iria se aposentar. Mas ele continuará como presidente do comitê estratégico da empresa.

TÍTULOS
O número de protestos de títulos em SP encerrou o ano com queda de 10,3% em dezembro.

ESCOAMENTO
Os portos brasileiros foram responsáveis pelo escoamento de 81% das exportações do país no ano passado, segundo o Ministério do Desenvolvimento. O porto de Santos continuou a ser o principal, com US$ 32 bilhões, seguido do de Vitória (ES), com US$ 11 bilhões, e do de Paranaguá (PR), com US$ 8,5 bilhões.

EXPANSÃO NATURAL
Maior rede de lojas de produtos naturais da América Latina, a Mundo Verde encerrou 2005 com 111 lojas em operação e duas em obras. Presente em 11 Estados, a rede registrou aumento de 12% no faturamento do ano passado ante 2004. A expectativa para 2006 é a de um crescimento ainda maior, na casa de 18%.

AIDS NAS EMPRESAS
Cresce a preocupação entre as empresas com relação ao impacto da Aids em seus negócios. É o que revela a última edição de estudo do Fórum Econômico Mundial sobre o assunto. De 2004 para 2005, subiu de 37% para 46% o número de companhias que prevêem que o vírus HIV irá afetar seus negócios nos próximos cinco anos. Mas, apesar da preocupação, políticas internas relacionadas à Aids ainda estão pouco disseminadas no ambiente corporativo, exceto em países com elevada incidência da doença (gráfico à esq.). Globalmente, só 6% das empresas têm regras por escrito, e apenas 14%, programas informais. E, das empresas que possuem políticas próprias, só 53% oferecem programas de prevenção.

No fio da navalha

A "briga" entre os ex-controladores da Bombril e a administração judicial da empresa promete esquentar. O empresário Ronaldo Sampaio Ferreira, filho do fundador da companhia, quer voltar ao comando da empresa neste ano e terminar com o regime de administração judicial da Bombril S.A. O primeiro passo já foi dado com a aprovação, em assembléia, pelo conselho da Brasil Holding, que controla a Brasil S.A. (a empresa operacional), do seu plano de recuperação judicial.
O plano será apresentado na próxima semana à 2ª Vara de Falências e Recuperação das Empresas de São Paulo, e sua aplicação suspende a administração judicial da Bombril S.A. O plano prevê a entrega de ativos da Bombril S.A. a todos os credores como forma para pagar as dívidas.
Como Sampaio Ferreira é quem tem o maior crédito, ele passaria a deter o controle da empresa, o que lhe garantiria a volta ao comando. O único empecilho capaz de atrapalhar os planos de Ferreira é o recurso que a Brasil S.A. moveu na Câmara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça contra o plano de recuperação. O recurso ainda não foi julgado.


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