São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

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CRISE NO AR

Quitação de dívida leva Corte de Nova York a conceder decisão favorável à aérea; Portugal fala em vender VEM

Liminar protege avião da Varig até março

LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK

Com a comprovação da virtual liquidação da dívida de US$ 63,7 milhões desde junho de 2005 com empresas americanas arrendadoras de aeronaves, a Varig ganhou voto de confiança da Corte de Falências de Nova York ontem e obteve uma liminar modificada para continuar protegendo os aviões de arresto até o dia 21 de março.
O juiz Robert Drain determinou apenas que a Varig apresente ao tribunal o plano detalhado de recuperação da empresa até meados de março, incluindo prazos de pagamento da dívida anterior a junho. Abandonando o clima bélico das últimas audiências, os advogados dos credores elogiaram a trajetória da Varig no último mês e acataram a decisão.
O acordo fechado anteontem com a TAP e o fundo de investimentos Mattlin Patterson também teve repercussão favorável.
O acordo conjunto determina a venda da VarigLog à Mattlin por US$ 48 milhões e da VEM à TAP por US$ 24 milhões, num total de US$ 72 milhões -US$ 10 milhões a mais que a proposta original da TAP com financiamento do BNDES. Além disso, as empresas concordaram em retirar seus processos da Justiça e estudar proposta de injeção de capital conjunta na empresa, com reintegração das subsidiárias, disse o presidente da Varig, Marcelo Bottini.
A decisão de Drain foi generosa ao conceder cerca de dois meses adicionais para o detalhamento da recuperação, já que esse plano é devido à Justiça brasileira no dia 25 de janeiro e à assembléia geral da Varig até o final deste mês.
A reação dos credores -que antes faziam ameaças de arresto e duras acusações de canibalismo de aviões- não surpreendeu os representantes da Varig, armados com dados de recuperação frota.
Segundo as informações apresentadas, 62 das 75 aeronaves estão operacionais e outras nove estarão de volta até meados de abril. Com isso, a frota estaria normalizada, já que 4 Boeings-737 ficam em manutenção periódica.

A TAP
O presidente da TAP, o brasileiro Fernando Pinto, disse ontem que a companhia saiu lucrando ao desistir de comprar a VarigLog (cargas) da Varig e ficar apenas com a VEM (manutenção).
Em novembro, a TAP havia comprado a VarigLog e a VEM por US$ 62 milhões com a condição de cobrir as ofertas que fossem feitas pelas subsidiárias. Em vez de cobrir o lance de US$ 77 milhões do Mattlin Patterson, a TAP desistiu da VarigLog.
Além dos US$ 38 milhões pagos pela VarigLog, a TAP informou que receberá de volta US$ 7,6 milhões referente à multa prevista no contrato. Apesar de contar vantagem, a TAP terá de quitar imediatamente parte da dívida que tem com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que financiou dois terços da operação.
Pinto afirmou que a compra da VEM é estratégica para a TAP e vai permitir a expansão da área de manutenção. Mas o ministro de Obras Públicas de Portugal, Mário Lino, disse que, apesar de considerar que a VEM é "uma empresa interessante para a TAP", a estatal poderá vendê-la no futuro.


Colaborou a Folha Online

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