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CRISE NO AR
Quitação de dívida leva Corte de Nova York a conceder decisão favorável à aérea; Portugal fala em vender VEM
Liminar protege avião da Varig até março
LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK
Com a comprovação da virtual
liquidação da dívida de US$ 63,7
milhões desde junho de 2005 com
empresas americanas arrendadoras de aeronaves, a Varig ganhou
voto de confiança da Corte de Falências de Nova York ontem e obteve uma liminar modificada para
continuar protegendo os aviões
de arresto até o dia 21 de março.
O juiz Robert Drain determinou
apenas que a Varig apresente ao
tribunal o plano detalhado de recuperação da empresa até meados de março, incluindo prazos
de pagamento da dívida anterior
a junho. Abandonando o clima
bélico das últimas audiências, os
advogados dos credores elogiaram a trajetória da Varig no último mês e acataram a decisão.
O acordo fechado anteontem
com a TAP e o fundo de investimentos Mattlin Patterson também teve repercussão favorável.
O acordo conjunto determina a
venda da VarigLog à Mattlin por
US$ 48 milhões e da VEM à TAP
por US$ 24 milhões, num total de
US$ 72 milhões -US$ 10 milhões
a mais que a proposta original da
TAP com financiamento do
BNDES. Além disso, as empresas
concordaram em retirar seus processos da Justiça e estudar proposta de injeção de capital conjunta na empresa, com reintegração das subsidiárias, disse o presidente da Varig, Marcelo Bottini.
A decisão de Drain foi generosa
ao conceder cerca de dois meses
adicionais para o detalhamento
da recuperação, já que esse plano
é devido à Justiça brasileira no dia
25 de janeiro e à assembléia geral
da Varig até o final deste mês.
A reação dos credores -que
antes faziam ameaças de arresto e
duras acusações de canibalismo
de aviões- não surpreendeu os
representantes da Varig, armados
com dados de recuperação frota.
Segundo as informações apresentadas, 62 das 75 aeronaves estão operacionais e outras nove estarão de volta até meados de abril.
Com isso, a frota estaria normalizada, já que 4 Boeings-737 ficam
em manutenção periódica.
A TAP
O presidente da TAP, o brasileiro Fernando Pinto, disse ontem
que a companhia saiu lucrando
ao desistir de comprar a VarigLog
(cargas) da Varig e ficar apenas
com a VEM (manutenção).
Em novembro, a TAP havia
comprado a VarigLog e a VEM
por US$ 62 milhões com a condição de cobrir as ofertas que fossem feitas pelas subsidiárias. Em
vez de cobrir o lance de US$ 77
milhões do Mattlin Patterson, a
TAP desistiu da VarigLog.
Além dos US$ 38 milhões pagos
pela VarigLog, a TAP informou
que receberá de volta US$ 7,6 milhões referente à multa prevista
no contrato. Apesar de contar
vantagem, a TAP terá de quitar
imediatamente parte da dívida
que tem com o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), que financiou dois terços da operação.
Pinto afirmou que a compra da
VEM é estratégica para a TAP e
vai permitir a expansão da área de
manutenção. Mas o ministro de
Obras Públicas de Portugal, Mário Lino, disse que, apesar de considerar que a VEM é "uma empresa interessante para a TAP", a estatal poderá vendê-la no futuro.
Colaborou a Folha Online
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