São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

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VAREJO

Para redes, consumo retraído afetou resultado em 2005

Pão de Açúcar fatura 5,4% a mais e se mantém à frente do Carrefour

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo Pão de Açúcar registrou alta de 5,4% nas vendas brutas no ano passado e acumulou faturamento de R$ 16,1 bilhões -manteve-se, portanto, à frente do concorrente Carrefour. A rede francesa fechou 2005 com receita bruta de R$ 11 bilhões ( 4 bilhões), o que representa um crescimento de 7,7% em relação a 2004. Os números foram publicados ontem pelas duas empresas.
É possível ainda comparar o desempenho das duas redes varejistas em relação às vendas das mesmas lojas que tinham em 2004 e 2005 -excluindo, portanto, o efeito da abertura de pontos-de-venda. Nesse caso, o Pão de Açúcar cresce 2,6% sobre o ano anterior. Já o Carrefour registra uma alta de 2,1%, informa o balanço financeiro da cadeia publicado na França.
Nos números apresentados, as empresas não publicaram o resultado deflacionado (IPCA) de 2005 -em relação as mesmas lojas que tinham em 2004. Esse número apresentava retração até novembro, no caso do Pão de Açúcar, e é utilizado com frequências pelos analistas do setor pela precisão.
As redes de supermercados têm as mesmas explicações o discreto resultado de 2005. O Pão de Açúcar cita o "ambiente de consumo retraído, resultante do baixo poder aquisitivo dos consumidores e da diminuição do nível de confiança verificada a partir do início do segundo semestre", como fatores ruins para o desempenho, relata em seu comunicado.
Para o Carrefour, do mesmo modo, "as vendas continuam impactadas pela desaceleração no consumo".
A rede francesa faz, porém, outro adendo: cita o efeito "canibalização pela forte política de expansão orgânica da rede", como outro provocador para essa expansão de um dígito nas vendas em 2005. A abertura ou a compra de lojas próximas a pontos já existentes favorece no varejo esse processo de canibalização nos resultados.
Na tentativa de impedir que o concorrente fique com um ponto-de-venda próximo ao seu, a rede se "protege" e busca ficar com o terreno antes da cadeia varejista rival. Reestruturações internas foram comandadas durante todo o ano e devem continuar em 2006 para tentar aumentar a eficiência das lojas e melhorar o resultado. No comunicado publicado ontem, o Pão de Açúcar cita iniciativas para reduzir gastos (como a centralização na compra de produtos que os departamentos internos da empresa usam) para exemplificar essa tentativa.
No caso do Carrefour, a empresa afirma que empregou esforços para eliminar custos de sua unidade de supermercados (a rede Champion), fechando lojas. Foram 20 no Rio de Janeiro e 14 em todo o Brasil em 2005.

Investimentos em 2006
Foi publicado ontem o próximo plano de investimento do grupo Pão de Açúcar e, com isso, é possível saber quanto as redes gastarão em 2006.
A rede pretende investir R$ 1,5 bilhão no biênio 2006/2007 -a companhia não especifica os gastos deste ano. Quer abrir de 16 a 20 hipermercados Extra e entre 40 a 60 supermercados (CompreBem, Pão de Açúcar ou Sendas).
A empresa norte-americana Wal-Mart, a maior rede varejista do mundo, já anunciou que pretende gastar R$ 600 milhões para abrir 15 novos pontos neste ano.
No Carrefour, os gastos devem atingir R$ 700 milhões e serão investidos na abertura de 15 lojas no país, segundo a direção informou recentemente.
O anúncio dos valores é feito anualmente, mas nem sempre as redes gastam aquilo que afirmam de forma preliminar.


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