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MERCADO TENSO
Substituto deve ser o diretor do BC Francisco Lopes, que também é contra uma forte desvalorização do real
Gustavo Franco sai em meio à turbulência
da Reportagem Local
O presidente do Banco Central,
Gustavo Franco, apresenta seu pedido de demissão no momento em
que o país volta ao epicentro da
crise financeira internacional: só
ontem saíram do país quase US$ 1
bilhão, a Bovespa registrou queda
de 7,61% e os títulos brasileiros caíram no exterior.
O substituto de Franco deverá
ser o economista Francisco Lopes,
diretor de Política Econômica e de
Política Monetária do BC.
A decisão de Franco ocorre um
dia depois de o porta-voz da Presidência, Sérgio Amaral, afirmar que
ele permaneceria no cargo.
Substituto
Lopes fez no mês passado uma
longa exposição técnica em que
defendeu a manutenção da política
cambial e criticou os argumentos
favoráveis a uma desvalorização
mais forte do real.
Em seminário promovido pela
Fundação Getúlio Vargas no Rio,
Lopes disse que os defensores da
desvalorização acreditavam em
um "almoço grátis" -expressão
dos economistas para definir um
benefício sem custos que, por definição, não existe.
Segundo o raciocínio de Lopes,
seria um engano contar com a possibilidade de uma alteração na política cambial capaz de estimular as
exportações com impacto mínimo
sobre a inflação.
O diretor do BC avaliou que uma
desvalorização cambial entre 7% e
8% em 1999, no mesmo ritmo dos
anos anteriores, seria suficiente
para que as cotações do dólar atingissem os patamares desejados.
Leia-se: o suficiente para reduzir o
déficit nas transações de bens e
serviços do Brasil com o resto do
mundo.
A partir daí, a correção do real
-que vem sendo executada gradualmente pelo BC desde 1995-
seria "marginal".
Segundo Lopes, o próprio mercado já vem se encarregando de
tornar as exportações mais competitivas, reduzindo preços e aumentando a produtividade.
O papel do BC, segundo essa tese,
se limitaria a dar margem de manobra às empresas, desvalorizando aos poucos o real em relação ao
dólar.
Na argumentação, se o BC não fizesse a desvalorização, o mercado
seria obrigado a promover uma
deflação, o que seria excessivamente doloroso.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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