São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2000


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Texaco nega interesse e diz que setor está saturado no mundo

da Reportagem Local

As empresas de petróleo e petroquímica são reservadas, evitando manifestações sobre a eventual abertura do refino.
Consultadas pela Folha, Esso, Shell, Repsol, Ipiranga, Ultra, Dow Química e Odebrecht preferiram não se manifestar. As empresas que admitem estudar o assunto acham prematuro falar. A única exceção foi a Texaco.
"No momento, a Texaco não tem interesse de entrar no mercado de refino no Brasil", diz Jaime Plentz, vice-presidente de Operações e Lubrificantes da empresa. "Atualmente existe uma super oferta de capacidade de refino no mundo e também dentro do sistema Texaco mundial", diz.
Plentz diz que a empresa poderá "avaliar possibilidades de investimentos na área de polidutos".
A Ipiranga, que tem uma refinaria no Rio Grande do Sul com capacidade de refino de 12,5 mil barris/dia, é citada como uma natural interessada em reforçar sua posição no mercado. Mas não se pronunciou. Em seu site na Internet, a Ipiranga informa que "está dando continuidade aos estudos de avaliação da melhor alternativa de projeto a ser implantada na refinaria durante o período (5 anos) de transição concedido" (pela nova lei do petróleo).
O refino pode não ser o negócio mais disputado, mas há novos parceiros no mercado em busca de nichos e posições estratégicas.
A primeira licitação para exploração de petróleo introduziu dez multinacionais numa atividade até então restrita à Petrobras. Grupos de origem estrangeira contrataram altos executivos saídos dos quadros da Petrobras.
Desde a promulgação da lei do petróleo, em 1997, o Instituto Brasileiro do Petróleo, que reúne no Rio de Janeiro empresas de todos os segmentos, ganhou mais de 50 novos associados internacionais.
A exploração e produção são as áreas mais concorridas, mas se houver boas ofertas no refino, sempre haverá negócios, dizem os consultores privados.
A Petrobras, por exemplo, associada à argentina Perez Companc, adquiriu em dezembro duas refinarias e dois polidutos na Bolívia.
"As empresas internacionais de petróleo poderão estar interessadas em negociar com a Petrobras a entrada em algumas das refinarias através de parcerias", afirma Filippo de Vecchi, da Value Partners Management Consulting.
"Mesmo que interessadas, em termos estratégicos, em completar suas atividades com uma presença no refino, elas continuam a tomar suas decisões com parâmetros rígidos de rentabilidade mínima", afirma Vecchi, em artigo na revista "Brasil Energia".
Segundo ele, a distância entre o mercado final e os campos adquiridos para exploração e produção abre uma frente adicional de negociação com a Petrobras para trocas de produtos.
"A decisão importante que precisava ser tomada é preparar o país para ter o máximo de auto-suficiência em produção de derivados utilizando o petróleo pesado brasileiro", diz Jaime Rotstein, presidente da Sondotécnica e membro do conselho de administração da Petrobras.
Rotstein apresentou ao conselho da estatal um plano que prevê a participação das distribuidoras no refino. "A abertura tem que ser controlada, para não comprometer o balanço de pagamentos. Minha proposta não é um trabalho feito para resolver os problemas da Petrobras. É o interesse do país que está em jogo". (FV)


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