São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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Buffett oferece ajuda a seguradoras

Proposta de megainvestidor americano anima mercados, mas já foi recusada por uma das empresas

Oferta de bilionário, porém, só inclui títulos municipais, vistos como mais seguros, deixando de fora os ativos ligados ao "subprime"

DA REDAÇÃO

O megainvestidor americano Warren Buffett, o terceiro homem mais rico do mundo, ofereceu-se para garantir até US$ 800 bilhões em títulos das principais seguradoras de crédito dos Estados Unidos.
A proposta do bilionário, no entanto, só inclui os títulos municipais, considerados muito mais seguros, deixando de lado os ativos lastreados em crédito imobiliário "subprime" (para pessoas com histórico ruim de pagamento), que são vistos como o grande problema dessas empresas.
Em entrevista à rede de TV CNBC, Buffett disse que fez a proposta para três das maiores empresas do setor de seguros de crédito, Ambac, MBIA e Financial Guaranty Insurance. Segundo ele, uma delas já recusou a oferta -mas não disse qual. No final do ano passado, ele lançou a sua própria seguradora, a Berkshire Hathaway Assurance, que concorre com as mesmas empresas a quem ofereceu garantir os títulos.
A proposta de Buffett animou ontem os mercados. As principais Bolsas européias subiram mais de 3%. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, avançou 1,09%. A Bovespa subiu 1,92% (leia ao lado). As ações da MBIA e da Ambac, as duas maiores empresas do setor de seguro de crédito e que garantem US$ 1 trilhão em títulos, caíram 15,32% e 15,08% respectivamente.
Desde que começaram as notícias sobre os problemas nessas empresas, especulava-se que Buffett poderia ajudar o setor, mas ontem ele deixou claro que a sua proposta não é filantrópica. "Quando eu conversar com são Pedro , não vou apresentar isso como uma ação que vai me permitir entrar [no céu]", disse. "Estamos fazendo isso para ganhar dinheiro."
A proposta do bilionário dificilmente resolveria o problema das seguradoras, já que elas ficariam apenas com os títulos mais arriscados -tornando-as, provavelmente, mais vulneráveis. "Resumidamente, se alguma dessas companhias aceitar a oferta, será quase como levantar bandeira branca e admitir que está acabada", afirmou Rob Haines, analista da empresa de pesquisa CreditSights. "Não faz sentido elas desistirem da parte boa do negócio."
As seguradoras estão enfrentando dificuldades para garantir a nota máxima das agências de classificação de risco. A Ambac, por exemplo, já teve a sua nota reduzida pela Fitch. A classificação AAA é essencial para o seu negócio, já que ela permite que os títulos segurados paguem juros menores.
Um rebaixamento também forçaria os bancos a elevar consideravelmente o montante de capital de risco que retêm contra transações já realizadas com as seguradoras ou os detentores de títulos segurados.
Nas últimas semanas, as autoridades reguladoras de Nova York têm discutido com grandes bancos medidas para ajudar as companhias de seguro de crédito. A ação de Buffett deve aumentar ainda mais as pressões sobre as instituições para encontrarem uma solução para o problema, já que o megainvestidor ficaria com a parte boa do negócio, deixando as empresas, que seguram títulos desses bancos, apenas com a parte mais arriscada.


Com agências internacionais e "New York Times"

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