São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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Vale deve elevar oferta para comprar a Xstrata

Brasileira deverá ampliar quantia a ser paga em dinheiro por mineradora

Proposta de US$ 76 bi foi rejeitada; maior barreira é resistência de acionistas da Xstrata em receber ações do tipo preferencial da Vale

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Vale viu sua proposta de compra da mineradora anglo-suíça Xstrata ser rejeitada pelos principais acionistas da empresa porque o preço oferecido -US$ 76 bilhões- foi considerado insuficiente. Mas nem por isso desistiu da aquisição. Pelo contrário, a Vale deve apresentar nova proposta, apurou a Folha. Desta vez, melhorada.
A expectativa no mercado é que a mineradora brasileira possa pagar entre US$ 80 bilhões e US$ 90 bilhões pelo controle da Xstrata, um ativo estratégico para a Vale. Esses são os valores atribuídos por especialistas à companhia.
Analistas que acompanham a empresa e executivos do setor acreditam que a Vale não deve desistir tão facilmente e tende a melhorar sua oferta.
Pela proposta inicial, rejeitada pelos acionistas da Xstrata, a Vale pagaria até US$ 50 bilhões em dinheiro e o restante em ações preferenciais da companhia. Primeiro, falou-se em US$ 40 bilhões em dinheiro.
Os recursos para a parte destinada ao pagamento em espécie seriam amealhados em um "pool" de bancos estrangeiros, entre os quais estariam o Citibank, o Santander e o HSBC. O financiamento poderia chegar a US$ 50 bilhões, dependendo da necessidade da Vale.
Mesmo que melhore sua oferta, a Vale terá de contornar um outro problema: o fato de parte da proposta ser em ações preferenciais, que não dão direito a voto no Conselho de Administração da companhia. Ou seja: caso seja aceita, exclui os atuais acionistas da Xstrata do controle da mineradora brasileira, compartilhado hoje por Previ, Bradesco, BNDES e a trading japonesa Mitsui.
As ações preferenciais são um instrumento exclusivo do Brasil e visto com desconfiança por investidores estrangeiros.
A Vale, porém, não tem alternativa: o governo rejeita a possibilidade de desnacionalização da companhia ou aumento de participação do capital estrangeiro no controle da empresa e nas decisões estratégicas.
Juntos, BNDES e Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) têm a maior parte dos assentos do conselho da Vale e podem barrar qualquer decisão que passe pelo órgão, como aquisições.
Sem saída, só resta à Vale elevar o valor da oferta em dinheiro vivo para tentar convencer os acionistas da Xstrata. E é isso o que ela deve fazer, dizem analistas.
A Vale tem até o dia 21 de março para apresentar uma nova proposta aos acionistas da Xstrata -o principal deles é a trading suíça Glencore.
Se não apresentar nova oferta, fica sujeita a uma "quarentena" de seis meses. Só depois poderia dar um novo lance.


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