|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Vale deve elevar oferta para comprar a Xstrata
Brasileira deverá ampliar quantia a ser paga em dinheiro por mineradora
Proposta de US$ 76 bi foi rejeitada; maior barreira é resistência de acionistas da Xstrata em receber ações do tipo preferencial da Vale
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Vale viu sua proposta de
compra da mineradora anglo-suíça Xstrata ser rejeitada pelos principais acionistas da empresa porque o preço oferecido
-US$ 76 bilhões- foi considerado insuficiente. Mas nem por
isso desistiu da aquisição. Pelo
contrário, a Vale deve apresentar nova proposta, apurou a Folha. Desta vez, melhorada.
A expectativa no mercado é
que a mineradora brasileira
possa pagar entre US$ 80 bilhões e US$ 90 bilhões pelo
controle da Xstrata, um ativo
estratégico para a Vale. Esses
são os valores atribuídos por
especialistas à companhia.
Analistas que acompanham a
empresa e executivos do setor
acreditam que a Vale não deve
desistir tão facilmente e tende a
melhorar sua oferta.
Pela proposta inicial, rejeitada pelos acionistas da Xstrata, a
Vale pagaria até US$ 50 bilhões
em dinheiro e o restante em
ações preferenciais da companhia. Primeiro, falou-se em
US$ 40 bilhões em dinheiro.
Os recursos para a parte destinada ao pagamento em espécie seriam amealhados em um
"pool" de bancos estrangeiros,
entre os quais estariam o Citibank, o Santander e o HSBC. O
financiamento poderia chegar
a US$ 50 bilhões, dependendo
da necessidade da Vale.
Mesmo que melhore sua
oferta, a Vale terá de contornar
um outro problema: o fato de
parte da proposta ser em ações
preferenciais, que não dão direito a voto no Conselho de Administração da companhia. Ou
seja: caso seja aceita, exclui os
atuais acionistas da Xstrata do
controle da mineradora brasileira, compartilhado hoje por
Previ, Bradesco, BNDES e a trading japonesa Mitsui.
As ações preferenciais são
um instrumento exclusivo do
Brasil e visto com desconfiança
por investidores estrangeiros.
A Vale, porém, não tem alternativa: o governo rejeita a possibilidade de desnacionalização
da companhia ou aumento de
participação do capital estrangeiro no controle da empresa e
nas decisões estratégicas.
Juntos, BNDES e Previ (fundo de pensão dos funcionários
do Banco do Brasil) têm a
maior parte dos assentos do
conselho da Vale e podem barrar qualquer decisão que passe
pelo órgão, como aquisições.
Sem saída, só resta à Vale elevar o valor da oferta em dinheiro vivo para tentar convencer
os acionistas da Xstrata. E é isso o que ela deve fazer, dizem
analistas.
A Vale tem até o dia 21 de
março para apresentar uma nova proposta aos acionistas da
Xstrata -o principal deles é a
trading suíça Glencore.
Se não apresentar nova oferta, fica sujeita a uma "quarentena" de seis meses. Só depois poderia dar um novo lance.
Texto Anterior: Vaivém das commodities Próximo Texto: Exportação de carne ultrapassa a de soja Índice
|