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Bolsa tenta evitar que bancos tragam "mercado negro" ao Brasil
Grandes investidores querem importar plataformas de negociação de menor custo
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de viabilizar sua expansão global e acessar novos investidores, a BM&FBovespa
busca atualizar sua tecnologia
para sobreviver em um ambiente cada vez mais competitivo e oligopolizado. O maior pesadelo da Bolsa brasileira atende pelo nome de "dark pool"
[aposta no escuro], uma espécie de sistema paralelo de negociação de ativos dominado pelos maiores bancos e fundos do
planeta para negociar com custos menores do que na Bolsa.
Esses investidores exigem
preços diferenciados de negociação e questionam a necessidade de pagar caro para a Bolsa
fechar negócios que poderiam
fazer entre si, quase sem custos
e burocracia.
Segundo o presidente da
BM&F Bovespa, Edemir Pinto,
a Bolsa desenhou uma proposta competitiva para absorver a
demanda brasileira de "dark
pool", por meio de negociações
com regras diferenciadas para
grandes blocos de ações.
Ele lembra que os reguladores estão de olho nos "dark
pools" por conta da falta de
transparência nas negociações.
Além de preço baixo, esse investidor pede uma dose de sigilo nas informações sobre as ordens colocadas -daí o nome
"dark pool".
O objetivo é impedir que os
demais investidores consigam
deduzir o volume de ações que
será negociado. Isso porque, se
um fundo de pensão decidir
vender US$ 1 bilhão de uma
única ação, poderá derrubar
seu preço em poucos minutos.
"Não estamos preocupados.
É zero de preocupação. Na verdade, isso é uma oportunidade
de negócio. Queremos trazer
isso para cá, mas já melhorado.
Vamos começar atendendo o
que eles pedem, mas de uma
forma diferenciada e dentro de
um sistema completamente regulado e transparente. O grande lote, muitas vezes, pode ter
dificuldade de ser colocado
porque mexe com os preços. A
ideia é trazer isso para a Bolsa."
Custos
Investidores internacionais
afirmam que os custos de transação de ações no Brasil estão
entre os mais altos do mundo.
Contando impostos, chegariam
a até 35 vezes mais do que nos
Estados Unidos.
Carlos Kawal, diretor financeiro da Bolsa, afirma que os
custos totais das transações para grandes investidores no Brasil não são incompatíveis com
os internacionais. Ele disse que
a Bolsa brasileira agrega no
preço uma série de serviços, como de liquidação financeira,
que nos EUA ficam fora do preço da transação.
No Brasil, esses sistemas alternativos dependem de regulamentação da CVM (Comissão
de Valores Mobiliários), que
afirma não ter nada em vista no
momento. Dificilmente, porém, o Brasil conseguirá impedir a entrada dessas redes.
Na Ásia, o mercado acredita
que os "dark pools" têm quase o
mesmo volume de negócios das
Bolsas locais. Os EUA têm 40
sistemas conhecidos de negociação alternativa.
Para impedir a entrada do
"dark pool" no mercado brasileiro, a Bolsa domina sozinha o
serviço de liquidação e de custódia de ações e de ativos no
país. Por esse motivo, mesmo
que os "dark pools" se instalem
no país, terão de utilizar serviços que são feitos hoje pela
CBLC (Câmara Brasileira de
Liquidação e Custódia).
(TONI SCIARRETTA)
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