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Alemanha para de crescer e trava UE
Economia alemã
fica estagnada no
4º tri e tira fôlego
da recuperação do
bloco, que cresce
só 0,1%
Na zona do euro, expansão
também foi de 0,1%;
Reino Unido sai da recessão
e França se destaca, com
crescimento de 0,6%
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
A economia alemã se estagnou no último trimestre do
ano, e o PIB (Produto Interno
Bruto) da União Europeia perdeu o fôlego, avançando pífio
0,1% após ter crescido 0,3% entre julho e setembro.
A desaceleração alimenta dúvidas sobre a sustentabilidade
da recuperação econômica do
bloco ante o inchaço generalizado da dívida pública -uma
crise de confiança que, em último caso, afeta o euro- e o aumento contínuo do desemprego em boa parte do continente.
Na zona do euro, o crescimento também foi de só 0,1%.
Além da estagnação alemã, a
Espanha permaneceu em recessão (0,1%), e a Itália voltou a
encolher (0,2%) após registrar
avanço no terceiro trimestre.
No ano, a zona do euro viveu
uma retração de 4%, e, se tomados os 27 países que compõem
a União Europeia, o recuo foi de
4,1%.
Parcas, as boas notícias vieram da economia francesa, que
avançou 0,6% no quarto trimestre, e da britânica, que finalmente saiu da recessão e
cresceu 0,1%. Para economistas britânicos ouvidos pela Folha recentemente, a recuperação de seu país é mais sustentável que a dos vizinhos, amparada nas idas e vindas do humor
do consumidor.
Ainda assim, os números de
ontem surpreenderam negativamente. Especialmente porque a Alemanha tem sido o motor da recuperação europeia.
O crescimento visto nos dois
trimestres anteriores no país
ocorreu em larga medida com o
impulso pontual dos incentivos
tributários para a venda de automóveis, tanto no país como
nos vizinhos, à moda da isenção
do IPI no Brasil.
Mas o fôlego desse tipo de
medida é limitado, já que carros são bens semiduráveis.
Em declarações às agências
de notícias, mais analistas optaram pela cautela do que pelo
pessimismo e atribuíram a desaceleração da produção e do
consumo também ao inverno
rigoroso deste ano e à acomodação após um avanço que se
seguiu à fase aguda da crise econômica global (a economia do
país encolheu 5% em 2008).
Exportação
Um número evocado pelos
que esperam dias melhores é a
alta de 3% das exportações alemãs em dezembro -os dados
de janeiro saem na semana que
vem. Embora tenha sido recentemente superada pela China, a
Alemanha continua puxando
sua economia -e a dos vizinhos- com suas exportações, e
o avanço do PIB asiático e a melhora do norte-americano são,
portanto, boas notícias para os
alemães.
Do lado negativo, pesará o
humor dos consumidores em
meio a tantas más notícias.
O desemprego na Europa,
contido no auge da crise à base
de contratos temporários com
número de horas reduzido,
agora custa a ceder. O nível de
poupança já começa a aumentar, sinalizando temores.
A crise da dívida pública nos
países mediterrâneos (Grécia,
sobretudo, Portugal, Espanha e
Itália) colocou à prova o euro e
a resistência da união monetária, que precisa arrumar uma
forma de fazer os vizinhos perdulários acertarem o caixa -e,
eventualmente, socorrê-los financeiramente.
A Alemanha, candidato
maior a fiador, espera neste
ano um deficit orçamentário de
6%, o dobro do teto fixado nas
regras da zona do euro.
Embora os investidores não
duvidem de sua capacidade de
solvência, isso aumenta o custo
político da abnegação pró-Europa (mesmo que pró-euro).
Num momento em que a chanceler Angela Merkel tem dificuldades para negociar com o
Parlamento e vê sua popularidade cair, não é algo a ignorar.
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