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CSN melhora oferta e acirra disputa pela portuguesa Cimpor
Siderúrgica abre mão de ter controle; participação
pode ir a 33%, mais que Camargo e Votorantim
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
A disputa pela cimenteira
portuguesa Cimpor entre a Camargo Corrêa, a Votorantim e a
CSN se acirrou ontem, quando
esta última apresentou oferta
melhorada aos acionistas.
A CSN abriu mão de sua pretensão de adquirir o controle,
como previsto na sua primeira
OPA (Oferta Pública de Aquisição), e melhorou o preço ofertado, de 5,7 para 6,18 a ação.
A proposta -inferior ao preço
de 6,50 pago pela Camargo
Corrêa por 29% das ações- é
condicionada a uma adesão de
33% mais um, o que a transformaria no maior acionista individual da Cimpor.
A oferta da CSN foi bem recebida na Bolsa de Lisboa, e as
ações da companhia se valorizaram em 6,2%, para 5,84.
Essa alta é uma indicação de
que a CSN pode conseguir uma
boa adesão com os acionistas
independentes que têm ações
negociadas em Bolsa. Mas,
mesmo se conseguir a adesão
de todos os acionistas que compraram ações na Bolsa, o correspondente a 18,9% do capital,
Benjamim Steinbruch, presidente da CSN, precisará convencer outros sócios a vender
para chegar aos 33% mais um.
Na segunda-feira, o Conselho de Administração da Cimpor se reúne para analisar a
proposta.
Para o analista de siderurgia
da Link Corretora Leonardo
Alves, a CSN demonstrou, com
sua oferta, que não está disposta a perder a batalha.
"A CSN tem uma diretoria
bastante agressiva. Partiu para
uma oferta que, apesar de hostil, é a mais correta com os
acionistas."
Camargo Corrêa e Votorantim já estavam negociando
com a Cimpor quando a CSN
apresentou uma primeira oferta hostil, em dezembro. "A entrada da CSN só fez acelerar as
negociações das outras duas. E
elas partiram para uma jogada
defensiva, adquirindo participações para tentar tirar a CSN
da jogada", afirma Alves.
A Camargo Corrêa, que nos
últimos dias comprou quase
29% do capital da empresa, deve adquirir mais 3% até segunda-feira. Mas a construtora terá de se limitar a 33%, pois acima disso é preciso fazer uma
OPA. E o prazo para apresentar
uma oferta alternativa à da
CSN venceu ontem.
Com forte presença nos mercados emergentes de forte potencial de crescimento, a Cimpor está entre as dez maiores
cimenteiras do mundo e exibe
margens operacionais acima de
20%.
Caso a CSN tenha sucesso
com a sua oferta, seu capital ficará quase que totalmente nas
mãos de três empresas brasileiras que concorrem entre si.
Conflito de interesses
"O potencial de conflito de
interesses é muito grande", diz
Alves. O convívio entre concorrentes numa sociedade não é
impossível. Na MRS [empresa
ferroviária], a Vale, a Gerdau, a
CSN e a Usiminas convivem
muito bem. "Por outro lado,
quando Bunge, Mosaic e Yara
eram sócias na Fosfertil, viviam
em disputa judicial."
A CSN já entrou com ação no
Cade para tentar barrar a compra de participações na Cimpor
pela Votorantim (que tem
17,3% da empresa portuguesa)
e pela Camargo Corrêa.
"O problema maior de concentração é com a Votorantim,
que detém 40,7% do mercado
de cimento no Brasil. A Camargo é menor, tem 9%, mesma
participação que a Cimpor no
Brasil", avalia Alves.
A siderúrgica CSN é novata
nesse setor -inaugurou a sua
primeira fábrica em 2009.
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