São Paulo, sábado, 13 de fevereiro de 2010

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CSN melhora oferta e acirra disputa pela portuguesa Cimpor

Siderúrgica abre mão de ter controle; participação pode ir a 33%, mais que Camargo e Votorantim

MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL

A disputa pela cimenteira portuguesa Cimpor entre a Camargo Corrêa, a Votorantim e a CSN se acirrou ontem, quando esta última apresentou oferta melhorada aos acionistas.
A CSN abriu mão de sua pretensão de adquirir o controle, como previsto na sua primeira OPA (Oferta Pública de Aquisição), e melhorou o preço ofertado, de 5,7 para 6,18 a ação. A proposta -inferior ao preço de 6,50 pago pela Camargo Corrêa por 29% das ações- é condicionada a uma adesão de 33% mais um, o que a transformaria no maior acionista individual da Cimpor.
A oferta da CSN foi bem recebida na Bolsa de Lisboa, e as ações da companhia se valorizaram em 6,2%, para 5,84. Essa alta é uma indicação de que a CSN pode conseguir uma boa adesão com os acionistas independentes que têm ações negociadas em Bolsa. Mas, mesmo se conseguir a adesão de todos os acionistas que compraram ações na Bolsa, o correspondente a 18,9% do capital, Benjamim Steinbruch, presidente da CSN, precisará convencer outros sócios a vender para chegar aos 33% mais um.
Na segunda-feira, o Conselho de Administração da Cimpor se reúne para analisar a proposta.
Para o analista de siderurgia da Link Corretora Leonardo Alves, a CSN demonstrou, com sua oferta, que não está disposta a perder a batalha.
"A CSN tem uma diretoria bastante agressiva. Partiu para uma oferta que, apesar de hostil, é a mais correta com os acionistas."
Camargo Corrêa e Votorantim já estavam negociando com a Cimpor quando a CSN apresentou uma primeira oferta hostil, em dezembro. "A entrada da CSN só fez acelerar as negociações das outras duas. E elas partiram para uma jogada defensiva, adquirindo participações para tentar tirar a CSN da jogada", afirma Alves.
A Camargo Corrêa, que nos últimos dias comprou quase 29% do capital da empresa, deve adquirir mais 3% até segunda-feira. Mas a construtora terá de se limitar a 33%, pois acima disso é preciso fazer uma OPA. E o prazo para apresentar uma oferta alternativa à da CSN venceu ontem.
Com forte presença nos mercados emergentes de forte potencial de crescimento, a Cimpor está entre as dez maiores cimenteiras do mundo e exibe margens operacionais acima de 20%.
Caso a CSN tenha sucesso com a sua oferta, seu capital ficará quase que totalmente nas mãos de três empresas brasileiras que concorrem entre si.

Conflito de interesses
"O potencial de conflito de interesses é muito grande", diz Alves. O convívio entre concorrentes numa sociedade não é impossível. Na MRS [empresa ferroviária], a Vale, a Gerdau, a CSN e a Usiminas convivem muito bem. "Por outro lado, quando Bunge, Mosaic e Yara eram sócias na Fosfertil, viviam em disputa judicial."
A CSN já entrou com ação no Cade para tentar barrar a compra de participações na Cimpor pela Votorantim (que tem 17,3% da empresa portuguesa) e pela Camargo Corrêa.
"O problema maior de concentração é com a Votorantim, que detém 40,7% do mercado de cimento no Brasil. A Camargo é menor, tem 9%, mesma participação que a Cimpor no Brasil", avalia Alves.
A siderúrgica CSN é novata nesse setor -inaugurou a sua primeira fábrica em 2009.


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