São Paulo, Sábado, 13 de Fevereiro de 1999
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ESTATAIS
Patrimônio líquido da CEF equivale a menos de 11% dos ativos
Caixa descumpre o acordo da Basiléia e tentará se enquadrar

da Sucursal de Brasília

A Caixa Econômica Federal fechou o balanço de 1998 descumprindo as regras da Basiléia, um acordo internacional que visa garantir solidez ao sistema financeiro, e deverá fazer uma injeção de capital de R$ 1,024 bilhão ou reduzir seu volume de operações.
Norma do Banco Central que adapta as regras do acordo da Basiléia ao Brasil determina que todos os bancos tenham um patrimônio líquido equivalente a pelo menos 11% dos ativos (créditos e outras operações) expostos ao risco.
Segundo o balanço, o patrimônio líquido da CEF em 31 de dezembro passado era de R$ 3,582 bilhões -valor que corresponde a apenas 8,58% dos créditos e outras operações expostos ao risco.
O patrimônio líquido da CEF caiu de R$ 4,642 bilhões para R$ 3,582 bilhões entre 1997 e 1998, devido à reavaliação do valor dos imóveis de sua propriedade.
As regras da Basiléia fixam capital mínimo para proteger os depositantes. Se um banco concede empréstimos e não consegue recebê-los, normalmente o prejuízo é coberto pelo patrimônio líquido. Mas, se o patrimônio for insuficiente, o depositante pode sair perdendo.
No caso da CEF, entretanto, o patrimônio líquido baixo não quer dizer, necessariamente, que os depositantes estão mais expostos a riscos que os clientes de bancos privados bem capitalizados.
A CEF é totalmente controlada pelo Tesouro Nacional, que pode fazer aportes de capital em caso de prejuízo muito grande.
O presidente da CEF, Emílio Carrazai, disse que a instituição estuda duas alternativas para regularizar a situação da instituição: pedir que o BC afrouxe as regras ou implementar um programa para aumentar o patrimônio líquido.
"As regras da Basiléia não fazem o menor sentido para o caso da CEF", disse Carrazai. Ele argumenta que, além de ser controlada pelo Tesouro, boa parte dos créditos da CEF é contra o governo.

Queda do lucro
A CEF lucrou R$ 387 milhões em 1998, uma rentabilidade de 10,8% sobre o patrimônio.
O lucro caiu 4,68% em relação ao ano anterior, quando havia atingido R$ 406 milhões, e o Tesouro recebeu R$ 108 milhões como dividendos.
A instituição teve de aumentar em R$ 8,5 bilhões suas provisões para devedores duvidosos -dinheiro que fica separado no balanço para cobrir eventuais prejuízos. As provisões saltaram de R$ 11,6 bilhões para R$ 20,1 bilhões.
Segundo a diretora de Finanças da CEF, Sandra Tavares, o crescimento das provisões ocorreu principalmente devido à chamada apropriação de rendas a receber -juros, multas e correção sobre créditos antigos não recebidos, que inflam a estatística.


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