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PROTECIONISMO
Representante comercial diz que chances de levantar barreiras são remotas, mas pedidos serão avaliados
EUA vão analisar liberação ao aço da CSN
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os Estados Unidos vão analisar
nos próximos 120 dias a possibilidade de excluir das novas medidas de proteção ao setor siderúrgico americano as importações de
placas de aço da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).
"Vamos olhar com toda a seriedade, se houver pedidos de exclusão", disse o representante comercial americano, Robert Zoellick, que ontem teve reunião com
o presidente Fernando Henrique
Cardoso e com o ministro Celso
Lafer (Relações Exteriores).
Lafer disse que também vai analisar o pedido das siderúrgicas
brasileiras para que a tarifa de importação do aço no Brasil seja elevada de 12% para 30%.
"Não precisamos tomar decisões precipitadas, mas vamos estudar o pedido. O aumento da tarifa solicitado pelo setor é compatível com as normas internacionais de comércio", disse Lafer.
De acordo com o ministro, a decisão de comprar ou não carvão
dos EUA será do setor privado, e o
governo não tem como interferir.
Como reação ao aumento do protecionismo americano, as siderúrgicas brasileiras, que importam cerca de US$ 200 milhões por
ano em carvão, ameaçam comprar a matéria-prima em outros
mercados.
Zoellick deixou claro que a revisão de cota de importação de produtos brasileiros é remota. Segundo ele, se houver alterações será
para casos específicos.
O Brasil poderá exportar anualmente 2,5 milhões de toneladas
métricas de aço semi-acabado para os EUA. "Reconhecemos que
houve integração entre nossas
empresas e as siderúrgicas brasileiras e que as placas de aço do
Brasil são de qualidade, mas isso
já foi considerado", disse.
Depois de ter adquirido a Heartland, uma siderúrgica americana
falida, a CSN pretendia aumentar
as exportações para os EUA. O
governo brasileiro perguntou a
Zoellick se o país poderia receber
o mesmo tratamento dado à Coréia do Sul. A Posco, siderúrgica
coreana que tem parceria nos
EUA, teve sua cota revista.
Segundo Zoellick, o caso da Coréia é diferente. "Nós liberamos,
não só para a Coréia, mas para todos os países, as importações de
um tipo muito específico de placas de aço. O Brasil também vai
poder exportar sem tarifa, se quiser produzir esse tipo de aço", disse Zoellick. A coreana Posco é a
única que produz essas placas.
Pelo menos até que acabe o período de 120 dias em que os americanos vão rever as barreiras, o
governo brasileiro não deve levar
o caso à OMC (Organização Mundial do Comércio).
De acordo com um diplomata,
uma vez iniciada uma ação em
Genebra, o caso se arrastaria por
pelo menos dois anos. "Assim como disse o ministro Lafer, eu também acho melhor um bom acordo do que uma excelente disputa
na OMC", disse Zoellick.
Mas o representante da política
comercial dos EUA foi avisado de
que o governo brasileiro está levantando dados técnicos para iniciar três disputas comerciais na
OMC: contra os subsídios americanos à produção de soja e de algodão e contra as barreiras para a
importação do suco de laranja.
Segundo Zoellick, o governo
americano está trabalhando para
que o aumento dos gastos com
subsídios agrícolas, cujo projeto
de lei está tramitando no congresso americano, não cause distorções nos preços dos produtos
agrícolas no mundo.
O projeto de lei aumenta em
mais de US$ 73 bilhões os gastos
americanos com agricultura.
Mas, segundo Zoellick, o montante está dentro do limite da OMC.
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