São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 2002

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PROTECIONISMO

Representante comercial diz que chances de levantar barreiras são remotas, mas pedidos serão avaliados

EUA vão analisar liberação ao aço da CSN

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os Estados Unidos vão analisar nos próximos 120 dias a possibilidade de excluir das novas medidas de proteção ao setor siderúrgico americano as importações de placas de aço da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).
"Vamos olhar com toda a seriedade, se houver pedidos de exclusão", disse o representante comercial americano, Robert Zoellick, que ontem teve reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso e com o ministro Celso Lafer (Relações Exteriores).
Lafer disse que também vai analisar o pedido das siderúrgicas brasileiras para que a tarifa de importação do aço no Brasil seja elevada de 12% para 30%.
"Não precisamos tomar decisões precipitadas, mas vamos estudar o pedido. O aumento da tarifa solicitado pelo setor é compatível com as normas internacionais de comércio", disse Lafer.
De acordo com o ministro, a decisão de comprar ou não carvão dos EUA será do setor privado, e o governo não tem como interferir. Como reação ao aumento do protecionismo americano, as siderúrgicas brasileiras, que importam cerca de US$ 200 milhões por ano em carvão, ameaçam comprar a matéria-prima em outros mercados.
Zoellick deixou claro que a revisão de cota de importação de produtos brasileiros é remota. Segundo ele, se houver alterações será para casos específicos.
O Brasil poderá exportar anualmente 2,5 milhões de toneladas métricas de aço semi-acabado para os EUA. "Reconhecemos que houve integração entre nossas empresas e as siderúrgicas brasileiras e que as placas de aço do Brasil são de qualidade, mas isso já foi considerado", disse.
Depois de ter adquirido a Heartland, uma siderúrgica americana falida, a CSN pretendia aumentar as exportações para os EUA. O governo brasileiro perguntou a Zoellick se o país poderia receber o mesmo tratamento dado à Coréia do Sul. A Posco, siderúrgica coreana que tem parceria nos EUA, teve sua cota revista.
Segundo Zoellick, o caso da Coréia é diferente. "Nós liberamos, não só para a Coréia, mas para todos os países, as importações de um tipo muito específico de placas de aço. O Brasil também vai poder exportar sem tarifa, se quiser produzir esse tipo de aço", disse Zoellick. A coreana Posco é a única que produz essas placas.
Pelo menos até que acabe o período de 120 dias em que os americanos vão rever as barreiras, o governo brasileiro não deve levar o caso à OMC (Organização Mundial do Comércio).
De acordo com um diplomata, uma vez iniciada uma ação em Genebra, o caso se arrastaria por pelo menos dois anos. "Assim como disse o ministro Lafer, eu também acho melhor um bom acordo do que uma excelente disputa na OMC", disse Zoellick.
Mas o representante da política comercial dos EUA foi avisado de que o governo brasileiro está levantando dados técnicos para iniciar três disputas comerciais na OMC: contra os subsídios americanos à produção de soja e de algodão e contra as barreiras para a importação do suco de laranja.
Segundo Zoellick, o governo americano está trabalhando para que o aumento dos gastos com subsídios agrícolas, cujo projeto de lei está tramitando no congresso americano, não cause distorções nos preços dos produtos agrícolas no mundo.
O projeto de lei aumenta em mais de US$ 73 bilhões os gastos americanos com agricultura. Mas, segundo Zoellick, o montante está dentro do limite da OMC.



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