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Caso teve gestão política, diz secretário
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O subsecretário do Tesouro
norte-americano, John Taylor,
afirmou ontem que "considerações políticas" internas definiram
a imposição de barreiras comerciais pelo governo dos EUA ao aço
e que o problema, "circunstancial", não deverá atrapalhar as negociações com o Brasil para a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
"Entendo como pode parecer
uma contradição, mas é preciso
levar em conta considerações políticas com as quais cada país tem
de lidar", disse em palestra na Fiec
(Federação das Indústrias do Estado do Ceará), em Fortaleza.
"Teremos de resolver esses problemas a longo prazo."
As "considerações políticas",
segundo ele, são a forte redução
na produtividade que o setor siderúrgico norte-americano sofreu,
apesar de ter grande capacidade
de produção, o que causou muitas
demissões.
Em resposta ao presidente Fernando Henrique Cardoso que,
anteontem, em palestra na reunião anual dos governadores do
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento), fez duras críticas às barreiras comerciais, Taylor disse que respeita quem pensa
dessa forma e que cada um tem o
direito de concordar ou não com
as decisões.
"Há barreiras em todos os países do mundo. O mundo desenvolvido não tem o monopólio das
barreiras", afirmou.
Para ele, não há motivos para as
negociações da Alca serem prejudicadas. "A abertura dos comércios vai beneficiar os países da
América Latina, há muito o que se
ganhar", afirmou. "Esse processo
de integração é fundamental para
o comércio."
A palestra de Taylor foi sobre
crescimento da produtividade,
que, para ele, só poderá ser alcançada no Brasil e na América Latina depois de algumas mudanças
em leis e do maior investimento
em educação. Entre as mudanças
estão a diminuição nos tributos
cobrados, a desburocratização na
abertura de empresas e menores
custos trabalhistas.
Para o governador Tasso Jereissati (PSDB), que também participou da palestra, as circunstâncias
políticas dos países subdesenvolvidos são muito mais urgentes
que as dos EUA.
"Os EUA e outros organismos
internacionais sempre pregaram
o livre comércio e, de repente, dizem "vamos contrariar porque temos circunstâncias que fazem
parte da vida, você goste ou não"."
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