São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 2002

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Caso teve gestão política, diz secretário

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O subsecretário do Tesouro norte-americano, John Taylor, afirmou ontem que "considerações políticas" internas definiram a imposição de barreiras comerciais pelo governo dos EUA ao aço e que o problema, "circunstancial", não deverá atrapalhar as negociações com o Brasil para a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
"Entendo como pode parecer uma contradição, mas é preciso levar em conta considerações políticas com as quais cada país tem de lidar", disse em palestra na Fiec (Federação das Indústrias do Estado do Ceará), em Fortaleza. "Teremos de resolver esses problemas a longo prazo."
As "considerações políticas", segundo ele, são a forte redução na produtividade que o setor siderúrgico norte-americano sofreu, apesar de ter grande capacidade de produção, o que causou muitas demissões.
Em resposta ao presidente Fernando Henrique Cardoso que, anteontem, em palestra na reunião anual dos governadores do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), fez duras críticas às barreiras comerciais, Taylor disse que respeita quem pensa dessa forma e que cada um tem o direito de concordar ou não com as decisões.
"Há barreiras em todos os países do mundo. O mundo desenvolvido não tem o monopólio das barreiras", afirmou.
Para ele, não há motivos para as negociações da Alca serem prejudicadas. "A abertura dos comércios vai beneficiar os países da América Latina, há muito o que se ganhar", afirmou. "Esse processo de integração é fundamental para o comércio."
A palestra de Taylor foi sobre crescimento da produtividade, que, para ele, só poderá ser alcançada no Brasil e na América Latina depois de algumas mudanças em leis e do maior investimento em educação. Entre as mudanças estão a diminuição nos tributos cobrados, a desburocratização na abertura de empresas e menores custos trabalhistas.
Para o governador Tasso Jereissati (PSDB), que também participou da palestra, as circunstâncias políticas dos países subdesenvolvidos são muito mais urgentes que as dos EUA.
"Os EUA e outros organismos internacionais sempre pregaram o livre comércio e, de repente, dizem "vamos contrariar porque temos circunstâncias que fazem parte da vida, você goste ou não"."



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