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ÓLEO DA DISCÓRDIA
Secretaria do Ministério de Minas e Energia contesta números, apresentados por agência para descoberta
Poço gigante expõe conflito governo-ANP
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM ARAÇATUBA
A divulgação da descoberta de
um campo gigante de petróleo expôs mais uma fratura na já esgarçada relação entre o novo governo e as agências reguladoras criadas no governo anterior.
Ontem a secretária nacional de
Petróleo, Gás e Combustíveis Renováveis, Maria das Graças Foster, negou que sejam de 1,9 bilhão
de barris as reservas estimadas
para o campo existente na bacia
de Sergipe-Alagoas, cuja descoberta foi anunciada pela ANP
(Agência Nacional de Petróleo)
anteontem. O 1,9 bilhão de barris
representaria 14,5% das reservas
do país (13,1 bilhões de barris).
No final da tarde de ontem, a
ANP divulgou nota afirmando
que "em nenhum momento empregou o termo reserva" para se
referir ao tamanho da descoberta.
"A esperança é que haja um cálculo promissor, mas falar sobre
um número agora, ainda mais sobre 1,9 bilhão, é uma antecipação
tecnicamente indevida", disse.
Para a secretária, ocorreu uma
"trombada" entre técnicos da
ANP e da Petrobras. "Pode ter havido um desencontro de informações, mas essas coisas não são
aceitáveis sem uma discussão
bem conceituada entre técnicos
da agência e técnicos especialistas
da Petrobras, que conhecem os
postos da região."
A secretária também não confirmou o grau de qualidade do
óleo, que seria pelo menos 100%
superior ao encontrado na bacia
da Campos. "O que existe são indícios positivos sobre a qualidade
do óleo, que estão sendo avaliados pela Petrobras."
Segundo ela, o governo está
preocupado com a turbulência
causada no mercado pela alta que
as ações da Petrobras sofreram
após o anúncio da descoberta. De
acordo com a ANP, o campo gigante seria o primeiro descoberto
pela Petrobras fora da bacia de
Campos e o maior encontrado no
país desde 1996, o que elevou a cotação das ações nas Bolsas.
Segundo Maria das Graças, na
avaliação do governo a notícia
publicada pela imprensa foi "imatura". "Essas coisas não são aceitáveis. Vamos fazer os ajustes nos
números e nos grupos que eventualmente passaram uma informação imprecisa à imprensa."
Ela negou a demissão de profissionais do corpo técnico da ANP,
mas não respondeu às perguntas
sobre possíveis mudanças na diretoria da agência.
A Agência Folha apurou que o
governo já teria alguns nomes para assumir postos-chaves nas
agências reguladoras. A troca
ocorreria por conta da política de
redefinição do papel das agências
reguladoras. Um dos substituídos
pode ser o presidente da ANP.
Apesar das declarações de sua
secretária, a ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) informou
que "o ministério não tem nenhuma posição a esse respeito" porque não tem os dados técnicos.
Questionada sobre a oportunidade da divulgação do anúncio pela
ANP, Dilma disse que não é assessora de imprensa da agência.
A secretária que criticou a posição da ANP é funcionária de carreira da Petrobras -está há 22
anos na empresa. Antes de assumir o posto, era gerente de tecnologia de gás na estatal.
Colaboraram a Sucursal de Brasília
e a Sucursal do Rio
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