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Reunião interministerial discute destino de reguladoras
Poço pode ser estopim para Lula cortar poder de agências
RANIER BRAGON
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A polêmica que virou a divulgação pela ANP (Agência Nacional
do Petróleo) da descoberta pela
Petrobras de poços de petróleo no
Nordeste será um dos temas centrais a serem discutidos hoje em
reunião interministerial na Casa
Civil, com a presença de representantes de todos os ministérios que
possuem agências reguladoras.
Coordenada pelo ministro José
Dirceu (Casa Civil), uma comissão vai estudar mudanças no relacionamento do governo petista
com as agências reguladoras. Embora não haja uma posição fechada, líderes petistas são favoráveis
à redução do poder das agências.
A portaria que cria a comissão deve ser publicada hoje.
A primeira reunião da comissão
aconteceu na quarta anterior ao
Carnaval. Um novo encontro está
marcado para o dia 20. Segundo o
deputado Walter Pinheiro (PT-BA), único representante do Congresso na comissão, o caso da
ANP "fortalece e acentua a tese de
que é fundamental discutir a
questão das agências".
Pinheiro afirmou que está entre
as hipóteses estudadas pela comissão a alteração da legislação
como forma de rever a atuação de
ANP, Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações), Aneel
(Agência Nacional de Energia Elétrica) e ANA (Agência Nacional
das Águas), entre outras.
Como os diretores das agências
têm estabilidade, uma das idéias
que o PT estuda é a possibilidade
de trocar o presidente ou diretor-geral por outro integrante do conselho. Com isso, poderia colocar
no comando das agências reguladoras pessoas com maior proximidade com a política de Lula.
"A Aneel e a ANP ficaram soltas
durante muito tempo", afirmou
Pinheiro, para quem a atitude da
ANP "revela que havia um vício
de atuação em que elas [agências"
achavam que podiam fazer coisas
desse tipo".
Críticas
O caso estimulou ontem críticas
de vários outros petistas, entre
eles Fernando Ferro (PE), que teve aprovado requerimento para a
realização de um seminário na
Comissão de Minas e Energia para tratar sobre o papel das agências. "A ANP quis mostrar serviço
usando uma atribuição que é da
Petrobras", afirmou.
O deputado Nelson Pellegrino
(BA), líder do PT na Câmara, disse ter considerado "estranho" o
anúncio da ANP. "Quem tem que
mostrar possíveis novidades é a
empresa", disse.
Lula já poderia ter indicado,
desde o início do ano, um representante para ocupar uma diretoria da ANP. O cargo, antes ocupado por Júlio Colombi, está vago
desde 16 de janeiro. O nome terá
de ser sabatinado pelo Senado.
Os diretores das agências têm
estabilidade em seu mandato. Há
controvérsia jurídica em relação à
estabilidade do cargo que ocupam na agência. Isto é, não está
claro se os dirigentes têm estabilidade no cargo que ocupam ou
apenas na diretoria da ANP.
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