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Deficit na balança de serviços sobe 14%
Saldo negativo de US$ 17,8 bi em 2009 é provocado por viagens, royalties e produtos de recreação, como filmes e música
Dados são inexatos porque
transações acabam não sendo
contabilizadas como serviços;
novo sistema deve começar a
resolver problema neste mês
CLAUDIA ANTUNES
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O Brasil acumula deficit na
balança de serviços, setor que
se tornou uma espécie de nova
fronteira do comércio internacional desde que foi liberalizado por acordo no âmbito da
OMC (Organização Mundial do
Comércio), em 1995.
Indicador recém-tabulado
pelo Ministério do Desenvolvimento e obtido pela Folha
mostra que, em 2009, com o
recuo da demanda externa, o
deficit em serviços subiu 14,1%,
para US$ 17,8 bilhões. O aumento do saldo negativo reforça movimento que já ocorria
mesmo com as vendas em alta,
nos quatro anos anteriores.
Para comparação, o saldo total da balança brasileira foi de
US$ 25,3 bilhões em 2009.
Segundo a OMC, em 2008,
último ano para o qual há dados comparativos, o Brasil foi o
29º no ranking de vendas de
serviços, liderado por EUA,
Reino Unido e Alemanha.
No entanto, os atuais números da balança brasileira de serviços, divulgados anualmente,
fornecem só um quadro aproximado do setor -que tem
grande abrangência e inclui
gastos em viagens (de estrangeiros aqui ou de brasileiros no
exterior), fretes, royalties e licenças, serviços de engenharia,
financeiros e de computação
(incluindo softwares), produtos audiovisuais e honorários
de profissionais liberais.
Os dados brasileiros são inexatos porque são baseados na
conta de serviços e rendas do
balanço de pagamentos do BC
(demonstrativo de todo o dinheiro que entra e sai do país).
"Muitas transações de serviços não são apropriadas como
tal pelo exportador, importador ou pelo banco operador do
câmbio. [O dinheiro] sai como
simples remessa financeira ou
entra como ingresso de divisas.
Não é ilegalidade, mas não está
na conta certa", diz Edson Lupatini Junior, secretário de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento.
Ele exemplifica: pela conta
de serviços do BC, o Brasil exportou US$ 280 milhões em
softwares, mas, quando cruzado com os dados da CNAI
(Classificação Nacional de Atividades Econômicas), o valor
sobe para US$ 1,2 bilhão.
O problema começará a ser
solucionado, diz, com o início
do funcionamento, ainda neste
mês, do Siscoserv (Sistema Integrado de Comércio Exterior
de Serviços), mecanismo informatizado de registro e acompanhamento das operações semelhante ao Siscomex, que
controla o comércio de bens e
foi implantado a partir de 1993.
Começará a funcionar primeiro o módulo de exportação,
no qual foi sistematizada uma
nomenclatura brasileira de
serviços, com mais de mil itens,
que servirá também para as
transações internas.
Segundo os números disponíveis, o deficit em serviços é
provocado sobretudo por viagens, transportes, royalties e
importações nas áreas de tecnologia da informação e produtos culturais e recreativos (filmes, vídeos e música).
Os serviços de construção civil prestados por empresas brasileiras no exterior são um dos
poucos setores que registram
superavit, mas seu impacto é
subestimado na balança atual,
afirma o secretário. As obras
não entram na conta de serviços do BC e os números do Desenvolvimento se baseiam nos
financiamentos às exportações, como os do BNDES.
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