São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

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Gol propõe "trégua" em guerra tarifária

MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL

A farra das passagens baratas, estimulada pela competição entre as companhias aéreas, não deve se repetir neste ano. Essa, ao menos, é a expectativa das empresas, que tentam recompor suas margens em tempos de demanda aquecida.
"Não tem razão para ter guerra. Está todo mundo preocupado com a lucratividade", disse à Folha o vice-presidente de Finanças da Gol, Leonardo Pereira. "A nossa maior concorrente está preocupada, e a Azul também quer dar lucro."
Em teleconferência com analistas de mercado ontem pela manhã, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, declarou: "A Gol não apoia isso [guerra tarifária]... Podemos ter tido algumas distrações ao longo do caminho, mas, no geral, estamos mantendo a disciplina".
No quarto trimestre de 2009, a Gol apresentou um "yield" -valor médio pago por passageiro por quilômetro voado- de R$ 0,181. O valor é inferior ao registrado no terceiro trimestre (R$ 0,189), período em que a guerra tarifária foi detonada.
Na comparação com o quarto trimestre de 2008 (R$ 0,256), a queda foi de quase 30%.
No entanto, a companhia não espera uma grande recuperação das tarifas. "Nossa estimativa é de um "yield" de R$ 0,195 a R$ 0,21", afirmou Pereira.
Sem a perspectiva de guerra tarifária para estimular a demanda, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) estima em 17% o crescimento do setor em 2010, mesmo patamar de 2009. A estimativa leva em conta uma projeção de 5,5% para o PIB (a medida da produção e da renda nacional). Com as promoções no ano passado, o setor cresceu 17,65%, apesar da queda de 0,2% do PIB. "A perspectiva hoje é que o percentual fique equivalente ao do ano passado porque tem uma variável que a gente não tem controle, que é o preço", disse a presidente da Anac, Solange Vieira, durante evento no Rio de Janeiro.
Neste início de ano, a demanda está bastante aquecida. Em fevereiro, o tráfego aéreo doméstico cresceu 42,89%, a maior alta mensal desde 2003, na comparação com o mesmo período de 2008. "Este começo de ano está atípico", disse o vice-presidente da Gol. "Estamos crescendo três vezes o PIB anualizado."
De acordo com Pereira, a Gol não depende de uma recuperação forte do preço das passagens para melhorar a margem de lucro operacional, que no ano passado foi de 7,4%. "Projetamos uma margem de 10% a 13% para 2010, em virtude da diluição dos nossos custos fixos e de uma maior eficiência."
A Gol obteve lucro líquido de R$ 890,8 milhões em 2009, revertendo o prejuízo de R$ 1,2 bilhão apresentado em 2008. O resultado foi fortemente influenciado pelo reconhecimento de um crédito fiscal de R$ 352 milhões relativo a prejuízos da Varig.


Colaborou a Sucursal do Rio


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