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Gol propõe "trégua" em guerra tarifária
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
A farra das passagens baratas, estimulada pela competição entre as companhias
aéreas, não deve se repetir
neste ano. Essa, ao menos, é a
expectativa das empresas,
que tentam recompor suas
margens em tempos de demanda aquecida.
"Não tem razão para ter
guerra. Está todo mundo
preocupado com a lucratividade", disse à Folha o vice-presidente de Finanças da
Gol, Leonardo Pereira. "A
nossa maior concorrente está preocupada, e a Azul também quer dar lucro."
Em teleconferência com
analistas de mercado ontem
pela manhã, o presidente da
Gol, Constantino de Oliveira
Júnior, declarou: "A Gol não
apoia isso [guerra tarifária]...
Podemos ter tido algumas
distrações ao longo do caminho, mas, no geral, estamos
mantendo a disciplina".
No quarto trimestre de
2009, a Gol apresentou um
"yield" -valor médio pago
por passageiro por quilômetro voado- de R$ 0,181. O
valor é inferior ao registrado
no terceiro trimestre (R$
0,189), período em que a
guerra tarifária foi detonada.
Na comparação com o
quarto trimestre de 2008
(R$ 0,256), a queda foi de
quase 30%.
No entanto, a companhia
não espera uma grande recuperação das tarifas. "Nossa
estimativa é de um "yield" de
R$ 0,195 a R$ 0,21", afirmou
Pereira.
Sem a perspectiva de guerra tarifária para estimular a
demanda, a Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil)
estima em 17% o crescimento do setor em 2010, mesmo
patamar de 2009. A estimativa leva em conta uma projeção de 5,5% para o PIB (a
medida da produção e da
renda nacional). Com as promoções no ano passado, o setor cresceu 17,65%, apesar
da queda de 0,2% do PIB. "A
perspectiva hoje é que o percentual fique equivalente ao
do ano passado porque tem
uma variável que a gente não
tem controle, que é o preço",
disse a presidente da Anac,
Solange Vieira, durante
evento no Rio de Janeiro.
Neste início de ano, a demanda está bastante aquecida. Em fevereiro, o tráfego
aéreo doméstico cresceu
42,89%, a maior alta mensal
desde 2003, na comparação
com o mesmo período de
2008. "Este começo de ano
está atípico", disse o vice-presidente da Gol. "Estamos
crescendo três vezes o PIB
anualizado."
De acordo com Pereira, a
Gol não depende de uma recuperação forte do preço das
passagens para melhorar a
margem de lucro operacional, que no ano passado foi
de 7,4%. "Projetamos uma
margem de 10% a 13% para
2010, em virtude da diluição
dos nossos custos fixos e de
uma maior eficiência."
A Gol obteve lucro líquido
de R$ 890,8 milhões em
2009, revertendo o prejuízo
de R$ 1,2 bilhão apresentado
em 2008. O resultado foi fortemente influenciado pelo
reconhecimento de um crédito fiscal de R$ 352 milhões
relativo a prejuízos da Varig.
Colaborou a Sucursal do Rio
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