São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

No pós-crise, NE retoma projetos turísticos

Juntos, BA e PE deverão movimentar R$ 15 bilhões, o dobro dos investimentos de três anos atrás

MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Principais destinos turísticos do Nordeste, Bahia e Pernambuco preveem investir em empreendimentos turístico-imobiliários o dobro do que foi de fato aplicado três anos atrás. Paralisados em razão da recente crise econômica, os projetos foram retomados com adaptações "realistas", de olho no aumento do poder de compra e do turismo interno da região.
A Bahia receberá R$ 10,3 bilhões em 57 projetos, enquanto Pernambuco totaliza R$ 4,7 bilhões em 13 empreendimentos.
Para garantir o retorno financeiro dos investimentos, a tendência do setor na região é construir os hotéis atrelados a condomínios de segunda residência de luxo -casas e apartamentos usados para veraneio.
Especialistas e empresários ouvidos pela Folha atribuem o crescimento do mercado no Nordeste à realização da Copa de 2014 -Salvador e Recife são cidades-sede- e à expansão de linhas de crédito, do poder de compra, da nova classe média e do turismo doméstico.
A Secretaria de Turismo da Bahia lista 27.860 unidades habitacionais em 64 projetos, sendo 25% deles já em fase de implantação. Metade dos empreendimentos é estrangeiro, de maioria espanhola e portuguesa. Estima-se a criação de 25 mil empregos diretos.
No entanto, segundo a pesquisadora em turismo da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia) Lúcia Maria Aquino de Queiroz, o crescimento do setor ainda é pequeno em relação ao potencial turístico do Estado.
Para Felipe Cavalcante, presidente da Adit (Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Nordeste Brasileiro), os gargalos do setor na região são a segurança jurídica dos licenciamentos ambientais e a malha aérea.
"Há vários projetos parados porque, depois de anos de luta para obter as licenças ambientais, o Ministério Público vai e embarga as obras. O cenário é preocupante", afirmou.
Apesar dos ajustes, os Estados receberão dois megaprojetos. Na Bahia, o grupo Property Logic, de capital anglo-holandês, vai investir quase R$ 1,2 bilhão num resort. Em Pernambuco, a Odebrecht e os grupos Ricardo e Cornélio Brennand investirão R$ 1,6 bilhão num complexo com mais de oito quilômetros de praia.
Dispostos a não perder os investimentos do setor, Bahia e Pernambuco correm para tirar do papel projetos de saneamento básico e de reforma e construção de rodovias.
Segundo dados do ano passado da CNT (Confederação Nacional de Transportes), 75% das rodovias baianas estão em estado de regular a péssimo -no país, a média é de 70%.
O secretário do Turismo da Bahia, Domingos Leonelli, cita o caso de uma nova rodovia no litoral sul do Estado, que reduziu pela metade a distância entre Salvador e Itacaré. "Com a inauguração dela no fim do ano passado, investidores já anunciaram três projetos que somam mais de R$ 100 milhões."
A Secretaria do Turismo de Pernambuco informou que o governo investirá quase R$ 450 milhões em infraestrutura nos próximos cinco anos.


Texto Anterior: Gol propõe "trégua" em guerra tarifária
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.