São Paulo, Sábado, 13 de Março de 1999
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Malan admite "meio" sucesso da excursão

do enviado especial a Paris

Terminado o essencial da excursão da equipe econômica brasileira pelas principais praças financeirasdo mundo, o ministro Pedro Malan e Armínio Fraga podem ter em mãos um copo meio cheio ou meio vazio, conforme o ângulo que se escolha.
Meio cheio porque, como diz Pedro Malan, o entendimento com os bancos "significa que não haverá mais nenhuma redução" na exposição das instituições financeiras privadas no país, diferentemente do que ocorreu entre outubro do ano passado e fevereiro último.
Mas, meio vazio, porque os bancos não se comprometeram a aumentar a exposição. "Teria sido o ideal, mas não é o mundo em que estamos vivendo", admite o ministro Malan.
De todo modo, o ministro acredita que, se os bancos honrarem a intenção de manter os US$ 23 bilhões que têm no Brasil, o copo se encherá ao menos um pouquinho mais porque sempre haverá algum disposto a investir algo além.
Disposição que não consta dos comunicados oficiais, mas que Malan diz ter constatado nas conversas bilaterais.

Hipótese inversa
Claro que sempre há a hipótese inversa, a de os bancos, apesar das notas ontem divulgadas, retirarem recursos do país. De resto, foi justamente isso o que aconteceu a partir de novembro, embora também naquele momento os bancos tivessem anunciado a intenção de não fazê-lo.
"Agora, o compromisso está posto no papel", torce Marcos Caramuru, assessor internacional da Fazenda.
Já Malan parece apostar mais no sistema de monitoramento cuidadosamente montado por Daniel Gleizer e que não existia em novembro, quando a equipe econômica fez idêntico "road show" pelas grandes praças financeiras.
Papéis e monitoramentos à parte, saber se o copo vai encher ou esvaziar mais depende, na prática, de o governo cumprir os compromissos acertados com o FMI.
"Os bancos querem ver números reais", diz, por exemplo, Dennis Phillips, porta-voz do banco alemão Commerzbank, com a ressalva de que seu raciocínio se aplica não especificamente ao Brasil, mas ao conjunto de mercados ditos emergentes.

Chave
É certamente por isso que o ministro Malan considera "chave" o período de seis meses em que os bancos, se cumprirem o prometido, manterão sua exposição no Brasil.
É um tempo razoável para que os "números reais" estejam sobre a mesa e determinem se o copo ganhará ou não um pouco mais de água (ou, no caso, de dólares).
(CLÓVIS ROSSI)

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