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Malan admite "meio" sucesso da excursão
do enviado especial a Paris
Terminado o essencial da excursão da equipe econômica brasileira
pelas principais praças financeirasdo mundo, o ministro Pedro
Malan e Armínio Fraga podem ter
em mãos um copo meio cheio ou
meio vazio, conforme o ângulo
que se escolha.
Meio cheio porque, como diz Pedro Malan, o entendimento com os
bancos "significa que não haverá
mais nenhuma redução" na exposição das instituições financeiras
privadas no país, diferentemente
do que ocorreu entre outubro do
ano passado e fevereiro último.
Mas, meio vazio, porque os bancos não se comprometeram a aumentar a exposição. "Teria sido o
ideal, mas não é o mundo em que
estamos vivendo", admite o ministro Malan.
De todo modo, o ministro acredita que, se os bancos honrarem a
intenção de manter os US$ 23 bilhões que têm no Brasil, o copo se
encherá ao menos um pouquinho
mais porque sempre haverá algum
disposto a investir algo além.
Disposição que não consta dos
comunicados oficiais, mas que
Malan diz ter constatado nas conversas bilaterais.
Hipótese inversa
Claro que sempre há a hipótese
inversa, a de os bancos, apesar das
notas ontem divulgadas, retirarem
recursos do país. De resto, foi justamente isso o que aconteceu a
partir de novembro, embora também naquele momento os bancos
tivessem anunciado a intenção de
não fazê-lo.
"Agora, o compromisso está
posto no papel", torce Marcos Caramuru, assessor internacional da
Fazenda.
Já Malan parece apostar mais no
sistema de monitoramento cuidadosamente montado por Daniel
Gleizer e que não existia em novembro, quando a equipe econômica fez idêntico "road show" pelas grandes praças financeiras.
Papéis e monitoramentos à parte, saber se o copo vai encher ou esvaziar mais depende, na prática, de
o governo cumprir os compromissos acertados com o FMI.
"Os bancos querem ver números
reais", diz, por exemplo, Dennis
Phillips, porta-voz do banco alemão Commerzbank, com a ressalva de que seu raciocínio se aplica
não especificamente ao Brasil, mas
ao conjunto de mercados ditos
emergentes.
Chave
É certamente por isso que o ministro Malan considera "chave" o
período de seis meses em que os
bancos, se cumprirem o prometido, manterão sua exposição no
Brasil.
É um tempo razoável para que os
"números reais" estejam sobre a
mesa e determinem se o copo ganhará ou não um pouco mais de
água (ou, no caso, de dólares).
(CLÓVIS ROSSI) .
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