São Paulo, Sábado, 13 de Março de 1999
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TRABALHO
Central pede gatilho com inflação a 5%
CUT quer 10% de aumento e reindexação

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) definiu sua proposta para evitar a redução do poder aquisitivo dos salários com a volta de taxas mais elevadas de inflação.
A direção nacional da CUT decidiu, em reunião ontem, reivindicar aumento geral de 10% nos salários em 1º de maio e, após isso, gatilho salarial a cada vez que a taxa de inflação acumular 5%.
A idéia da central é aprovar no Congresso Nacional uma lei salarial determinando o aumento em maio e estabelecendo o gatilho. O projeto pode ser apresentado já na próxima semana.
Na avaliação da CUT, o aumento de 10% em maio, a ser aplicado para todos os trabalhadores, mantém o poder aquisitivo dos salários igual ao de 98.
A central calcula que o aumento anula o pico inflacionário esperado para os próximos meses.
Os 10% serão suficientes para compensar as perdas se a inflação do ano ficar em 16,8%, como estabeleceu o governo federal no acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Como existe a possibilidade de a meta do governo para a inflação neste ano ser ultrapassada, a CUT também está reivindicando o gatilho salarial.
Os dirigentes da CUT sabem que vão enfrentar a resistência do governo e dos empresários à proposta, ainda mais quando sindicatos importantes dentro da central, como os metalúrgicos do ABC, negociam acordos de redução da renda do trabalhador em troca de manutenção do emprego.
"Reconhecemos nossa dificuldade de mobilização com o desemprego, mas não temos que fugir de algo fundamental, que é a sobrevivência do trabalhador", afirmou o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho.
Segundo ele, acordos de redução salarial preservam lucros e não o emprego.
Na avaliação da CUT, alguns setores da economia vão lucrar com a desvalorização do real em relação ao dólar norte-americano. Dessa forma, a reivindicação de aumento salarial de 10%, além de servir de bandeira de mobilização, pode ser alcançada em algumas categorias.
A CUT também reivindica aumento do salário mínimo em 1º de maio, de R$ 130 para R$ 188, chegando a R$ 277 no ano 2000.


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