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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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Sucessão de crises afasta estrangeiros do país

DO PAINEL S.A.

Em 2002, desabou a participação de bancos estrangeiros no país. Em 95, um ano após o Plano Real, os bancos estrangeiros respondiam por apenas 5,98% do total de depósitos no Brasil. Em 2001, chegaram a absorver 28,33% dos depósitos. No final do ano passado, a participação caiu para 17,37%.
O volume de operações de crédito também despencou no ano passado. Em 95, os bancos estrangeiros detinham 6,17% do total em operações de crédito no Brasil. Chegaram a atingir 32% em 2001. No ano passado, o percentual caiu para 29,56%.
O presidente da Austin Asis, Erivelto Rodrigues, que realizou os cálculos, atribui várias razões para a saída abrupta dos bancos.
Em primeiro lugar, Rodrigues destaca o fato de esses bancos terem registrado grandes perdas nos últimos anos no Brasil com as constantes crises vividas pelo país. Nos últimos dois anos, o país conviveu com o colapso da Argentina, viveu o racionamento de energia e ainda sofreu a tensão das eleições presidenciais.
Para Rodrigues, os bancos cansaram de ter de aumentar em seus balanços as provisões para créditos de difícil liquidação no Brasil.
Ao mesmo tempo, os bancos estrangeiros também enfrentaram dificuldades em seus países de origem com o desaquecimento da economia após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
Além desses problemas, Erivelto Rodrigues diz que não pode deixar de lado também o fato de os bancos estrangeiros terem se deparado no Brasil com instituições muito eficientes, que se preparam adequadamente para enfrentar a competição no setor. "Com a perda dos ganhos obtidos com a inflação, os bancos brasileiros se fortaleceram para enfrentar a concorrência de fora", diz.

Volta
Rodrigues acha, no entanto, que no futuro os grandes bancos internacionais vão voltar para o Brasil. A conta dele é simples: a população economicamente ativa no país é de 70 milhões de habitantes e só a metade (35 milhões) possui conta em banco. Ou seja, há ainda muito espaço para os bancos de fora desembarcarem no país em busca dos sem-conta.

Falta de estudo
O diretor de Normas do Banco Central, Sérgio Darcy, acha que muitos bancos estrangeiros estão deixando o país por não terem feito um estudo completo sobre a forma de atuação do mercado brasileiro.
Há bancos, segundo ele, que vão indo muito bem no país, como os casos do Santander e do ABN-Amro, e que não pensam em deixar o Brasil. De acordo com Darcy, mesmo o Sudameris, que está à venda, deu a volta por cima e começou a dar lucro. Outros bancos, de acordo com Darcy, tiveram problemas lá fora e, por isso, tiveram de vender suas participações em países emergentes, como o Brasil.


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