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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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Concorrência não está ameaçada, diz Febraban

DO PAINEL S.A.

O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Gabriel Jorge Ferreira, 67, não vê riscos de a concentração bancária afetar a concorrência no país. Segundo ele, a competição entre as instituições financeiras no Brasil é feroz e os bancos que deixaram o país o fizeram porque não conseguiram ganhar escala. Para ele, a concorrência ainda vai levar à redução das tarifas e dos juros.

Folha - Como o sr. analisa a concentração bancária no Brasil?
Gabriel Jorge Ferreira -
Eu não falaria em concentração, e sim em consolidação. Nós estamos ainda passando do regime de transição da inflação para o de estabilização. A travessia é difícil. Muitos bancos não estão mais aqui. Houve um movimento muito grande dos bancos em busca de eficiência e competitividade. Hoje, temos um sistema financeiro sólido e saneado. O sistema bancário brasileiro é um sistema aberto, competitivo, que investiu muito em tecnologia nos últimos anos. Trata-se de um dos mais modernos e eficientes do mundo.

Folha - Não há risco de o setor ficar nas mãos de poucos bancos e diminuir a concorrência?
Ferreira -
Não há a menor hipótese de isso ocorrer. Em primeiro lugar, não há reserva de mercado para o setor. Qualquer empreendedor que tenha recursos e capacidade pode entrar no mercado bancário. Há uma concorrência efetiva no setor. Os bancos estrangeiros que vieram para cá, por exemplo, sabem que existe competição no Brasil, é feroz, e para ganhar mercado é preciso ser eficiente. Eu tenho defendido, no entanto, a necessidade de uma melhora do ambiente regulatório para principalmente propiciar a redução do custo do dinheiro.
Um grande passo para isso poderia ser a modernização da Lei de Falências, para permitir a recuperação da empresa, e não o seu sucateamento. Acho que as tarifas e o custo do dinheiro vão cair com a competição. Será assim que as instituições vão conseguir ganhar fatias do mercado.

Folha - O sr. vê espaço para novas fusões?
Ferreira -
O espaço está cada vez mais reduzido. A única instituição que eu sei que está à venda é o Sudameris.

Folha - O que o sr. acha de o Cade passar a analisar os processos de fusões no sistema financeiro?
Ferreira -
Não vejo nada de errado também examinar os movimentos de transferência de controle das instituições financeiras, mas é preciso se fazer ressalvas quando ocorrer possibilidade de risco sistêmico. Quando houver ameaça de risco sistêmico, a análise tem que ficar nas mãos do BC.

Folha -O sr. acha que o movimento de saída dos bancos estrangeiros no Brasil vai continuar?
Ferreira -
Os que saíram do Brasil foi porque não adquiriram escala. O Santander, por exemplo, que todo mundo achou que pagou um preço alto pelo Banespa, está muito satisfeito com os resultados que vem obtendo no Brasil.


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