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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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Expansão do setor não disponibiliza crédito

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quando a entrada de bancos estrangeiros no Brasil começou a se intensificar, após a implantação do Plano Real, os defensores da abertura de mercado argumentavam que essa política iria estimular a concorrência, provocando queda nos juros e nas tarifas bancárias, além de uma expansão acelerada do crédito.
Os números observados desde então mostram que essa promessa acabou não se concretizando.
Um trabalho feito pelos economistas Luisa Helena Cavalcante e Paulo Jorge Neto, da Universidade Federal do Ceará, mostra que, no período em que se intensificou a entrada de capital estrangeiro no setor bancário, a expansão do crédito permaneceu restrita.
"A maior participação estrangeira ocorrida devido à liberalização financeira afetou de forma negativa a oferta de crédito dos bancos privados nacionais com relação ao PIB [Produto Interno Bruto"", diz o estudo, com base em dados fornecidos por 37 dos maiores bancos do país.
Antes do Real, os bancos tinham na inflação a maior de suas fontes de receita. As instituições financeiras ganhavam com as aplicações diárias que faziam com o dinheiro que seus clientes deixavam parado em suas contas. Com a estabilização de preços, muitos bancos passaram a enfrentar dificuldades financeiras e acabaram indo parar nas mãos dos estrangeiros.
O estudo mostra, porém, que os estrangeiros acabam adaptando suas operações às peculiaridades já adotadas pelos nacionais: concentram seus recursos em títulos da dívida pública, em vez de emprestá-los. "Uma vez inseridos no sistema financeiro brasileiro, os bancos estrangeiros tendem a realizar operações de tesouraria semelhantes a dos bancos nacionais", diz o texto.
De fato, segundo dados do Banco Central, em 1995 o total de empréstimos concedidos pelo sistema financeiro representava 37% do PIB. No ano passado, a proporção havia recuado para 24%.
No caso das tarifas bancárias, os bancos estrangeiros ainda cobram os menores preços, mas já fazem reajustes cada vez maiores.


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