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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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Modelo para o sistema, associação "torce" por incentivo de Lula ao setor

DA REPORTAGEM LOCAL

Instalada no "quarteirão do crédito", no centro de Guarulhos, a Cooperativa de Crédito de Guarulhos, uma das mais antigas do país -há 46 anos na praça-, é considerada modelo no sistema de cooperativismo no Brasil.
Mylton Mesquita, 75, que há 40 anos ocupa a cadeira de presidente da cooperativa, tem prazer em mostrar aos "clientes" que correm atrás de empréstimo as vantagens de uma cooperativa popular sobre os bancos e as financeiras tradicionais, que dividem a mesma calçada com a instituição.
"Aqui não tem sala para gerente, para diretoria, não tem luxo. Tudo é bem simples, mas o crédito é barato. Aqui todos são donos do negócio, dividimos os resultados. Nosso objetivo também é promover a solidariedade, aqui um ajuda o outro. E, dessa forma, as pessoas mais simples podem entrar no sistema financeiro", vai dizendo o presidente, enquanto mostra no quadro de avisos as fotos dos convidados famosos que visitaram a instituição nos últimos anos. Entre eles, a do atual ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini.
Sem se identificar no início, a reportagem da Folha esteve no local em busca de crédito para saber como funcionava a cooperativa.
Como a instituição é uma das 13 cooperativas de crédito do país que funcionam pelo sistema aberto (o chamado sistema Luzzatti, criado na Itália pelo professor Luigi Luzzatti, em que as cooperativas se organizavam por região e não precisavam estar vinculadas a empresas ou categorias profissionais), "seu" Mesquita foi logo explicando: "Só precisa morar ou trabalhar aqui em Guarulhos. É preciso ter R$ 200 para abrir a conta corrente e R$ 50 para comprar uma cota mínima. E mais R$ 15 de taxa para ver se o nome de vocês está limpo na praça. Pronto, aí vocês são cooperadas".
Para obter o empréstimo, explicou, é só aguardar 30 dias. O juro mensal pago nos financiamentos concedidos aos cooperados é de 3,5% ao mês. "Muito menor que os dos bancos. Só tivemos de parar de parcelar os empréstimos, que eram feitos em até 20 vezes, por causa da guerra [entre os EUA e o Iraque"", diz "seu" Mesquita, sem detalhar exatamente o impacto do conflito na economia brasileira. "Vamos esperar o fim da guerra e ver como vão ficar os juros", afirma.
Para atrair mais associados, o discurso está pronto na ponta da língua: "No último ano, as sobras da cooperativa somaram R$ 629 mil. Desse total, devolvemos um terço para os associados. O resto foi para o capital da cooperativa. Porque o nosso objetivo aqui é funcionar como uma poupança a longo prazo. Temos hoje cerca de 2.800 cooperados".
Enquanto mostrava a sede da cooperativa com seus 442 metros quadrados de área construída, "seu" Mesquita contava sobre a participação da cooperativa em programas sociais e de saúde, sobre a vacinação contra a gripe, que ocorreu há pouco tempo no salão da instituição, sobre os convênios feitos para os associados e sobre a mais recente ação da cooperativa: uma doação feita ao programa Fome Zero. "Torço para que o governo Lula não ceda à pressão dos bancos e estimule o cooperativismo." (CR e FF)

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