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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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Entidades já têm até "classificação de risco"

DA REPORTAGEM LOCAL

As cooperativas de crédito são instituições do sistema financeiro nacional semelhantes aos bancos. Elas recebem depósitos e emprestam a seus associados, têm caixa eletrônico, uma rede de informática desenvolvida e postos de atendimento similares às agências bancárias.
As cooperativas andam tão parecidas com os bancos que já têm até "rating" (classificação de risco). A consultoria Lopes Filho faz o "rating" de 35 cooperativas de crédito, a maioria delas do setor rural.
"Analisamos as maiores dessas instituições e agora queremos começar a trabalhar com as menores, que é onde pode ter mais problemas", diz Joel Santana, diretor de risco da consultoria.
Das cooperativas analisadas, duas foram classificadas como nível "A", de baixo risco. A maioria está na faixa "B", de risco aceitável, e poucas na faixa "C", com as quais não se recomenda fazer negócios. "A idéia das cooperativas é estender o "rating" a todo o setor; é uma forma de elas aprimorarem sua gestão e controle", diz Santana.

Limitações
Apesar de sua evolução, as cooperativas guardam diferenças fundamentais em relação aos bancos, o que limita sua atuação. Elas não têm acesso ao sistema de compensação de cheques e outros documentos, à conta reserva bancária (é a conta que cada banco tem no Banco Central) e ao mercado interfinanceiro (negociação entre bancos). Por isso, precisam fazer convênios com um banco para atender aos associados.
Mas elas têm normas tão rígidas quanto as dos bancos na destinação dos seus recursos. Do dinheiro captado, 80% é destinado a empréstimos para seus sócios. Os 20% restantes ficam disponíveis para dar liquidez ao sistema e são aplicados em títulos públicos por intermédio de bancos comerciais.
As cooperativas funcionam como uma agência bancária: captam dinheiro, emprestam e no fim do dia apuram o saldo (sobras) das operações e as remetem para a cooperativa central.
É essa central que tem o papel de controle sobre as cooperativas. Ela repassa o dinheiro para um banco, que faz as aplicações e compensa os cheques emitidos pelos cooperados.
Em 1995, o Conselho Monetário Nacional autorizou a criação dos bancos cooperativos, visando reduzir custos no sistema. Há apenas dois, atualmente, no país. Eles foram criados e têm como sócios controladores as cooperativas centrais de crédito.
O maior banco em ativos é o Bansicredi, constituído por quatro cooperativas do Sul, com R$ 1,6 bilhão. Desse total, R$ 1,2 bilhão está aplicado em títulos públicos que garantem a liquidez das cooperativas do Sicredi.
Já o Bancoob, apesar de atender a um maior número de centrais e de cooperativas, tem um total de ativos menor, de R$ 1,1 bilhão, sendo R$ 440 milhões aplicados em títulos públicos.
Esses bancos também buscam linhas de financiamento com o poder público para destinar às cooperativas. Atualmente, as principais são de crédito rural.
Os bancos comerciais têm de destinar 25% dos seus depósitos à vista para o crédito rural, mas nem sempre têm interesse em fazê-lo. Por isso, repassam esses recursos para bancos cooperativos, que os canalizam às cooperativas de crédito rural.


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