UOL


São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GUERRA DOS SEXOS

A partir de terça, campanha do produto chega à TV inglesa com o slogan "Yorkie, não é para mulheres"

Chocolate só para "eles" causa rixa sexista

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um chocolate só para homens. Proibido para as mulheres. Afinal, "elas" ocuparam tantos espaços nas últimas décadas que é preciso que "eles" recuperem o posto. Começando pelo chocolate.
Pensando dessa forma, a Nestlé acaba de colocar nas ruas da Inglaterra uma bem-humorada campanha -para alguns, sexista demais- da marca Yorkie com o slogan: "Yorkie, it's not for girls" (Yorkie, não é para mulheres").
A frase tem direito inclusive a um símbolo: a imagem de uma mulher "cortada" ao meio, seguindo a linha do "É proibido fumar" usado em locais públicos (veja a reprodução nesta página).
Logo em seguida aparece um dos slogans da campanha: "Save your money for driving lessons, not yorkies" - algo como "Guarde seu dinheiro para a auto-escola, não para os yorkies".
A ação de marketing -que relançou o produto neste mês- inclui veiculação da nova campanha na terça-feira, na TV inglesa, e gerou irritação e aplausos. Foi criada pela J.W.Thompson.
Na internet (entrar no site www.dooyoo.co.uk e pesquisar com a palavra yorkie) é possível ver a reação dos ingleses -que, segundo recentes pesquisas, preferem chocolate a sexo- em relação à campanha do grupo.
"Sentimos que os homens precisam recuperar algumas coisas em suas vidas e um jeito para começar é ter um chocolate só para eles", diz Andrew Harrison, diretor de marketing da Nestlé na Inglaterra, o terceiro maior país consumidor de chocolates no mundo (quando se conta o consumo por pessoa).
O produto custa em supermercados americanos, em média, US$ 1,60 a barra (pouco mais de R$ 5,10 -meio amargo para paladares brasileiros).

"Não disponível em rosa"
Para deixar clara a estratégia, não faltam slogans. A agência criou outros como "Not available in pink" (Não disponível em rosa) e "Don't feed the birds" (Não alimente os pássaros).
O produto não deve ser comercializado no Brasil.
A possibilidade de importação, por exemplo, poderia encarecer a venda -devido à elevação na cotação do dólar em 2002-e a possibilidade fabricação no país está afastada.
Se, em parte, gerou reações irônicas, a campanha foi alvo de críticas pesadas. "Eles já comem demais. A BBC informa que 1 de cada 200 comedores sofre distúrbios do sono porque come chocolates demais. E os homens são os mais atingidos, não as mulheres", afirma Nancy Ruddigan, advogada, em uma das páginas que reúnem comentários sobre o tema na internet.
A questão é polêmica porque entra no terreno do "antimarketing". Nessas ações, a marca centra o foco num público e "despreza" outro para criar afinidade com o seu principal consumidor.
Anos atrás, o comercial da marca mostrava um motorista de caminhão, com jeito rude, comendo a barra de chocolate.
Foi por isso que os supermercados chegaram a boicotar o produto naquela época. A venda foi cancelada em lojas em cidades como Birmingham e Liverpool por ser muito sexista.
O fabricante reforça que, na prática, a venda é liberada para todos os consumidores que quiserem comprar a mercadoria.


Texto Anterior: No RS, governo e empresários se unem para financiar pequenos
Próximo Texto: Banco utiliza "barbeira" para vender seguro
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.