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NEGÓCIO
Fundo de pensão lista supostas irregularidades na operação com a belga Interbrew; brasileira não quis se pronunciar
Previ pede que CVM apure ação da AmBev
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Num documento de 38 páginas,
a Previ (Caixa de Previdência dos
Funcionários do Banco do Brasil)
encaminhou ontem à CVM (Comissão de Valores Mobiliários)
requerimento para que instale um
inquérito administrativo para
apurar e determinar irregularidade na operação entre a AmBev e a
belga Interbrew.
A Previ pede ainda à CVM que
"se apliquem as penalidades previstas no artigo 11 da lei 6.385/76
[que trata das punições previstas
na lei que criou a CVM] aos infratores sem prejuízo da responsabilidade civil ou penal, de forma a
coibir prática das mais nocivas ao
funcionamento do mercado de
capitais brasileiro".
No documento, a Previ afirma
que a operação entre a AmBev e a
Interbrew não se trata de uma
"aliança global", como foi anunciada, "mas sim a aquisição do
controle da AmBev pela Interbrew". Segundo a entidade, "a
operação mascara a aquisição da
AmBev pela Interbrew".
A Previ faz ainda as seguintes
acusações aos controladores da
AmBev: abuso de poder de controle; de terem auferido benefícios particulares; conflito de interesse e violação dos deveres de
lealdades e diligência.
Procurada pela Folha, a AmBev
disse, por meio de sua assessoria,
que não iria se pronunciar.
A Previ é o maior fundo de pensão do Brasil, com patrimônio de
aproximadamente R$ 60 bilhões,
e detém 14,7% das ações preferenciais e 8,89% do capital total da
AmBev. Desde que a empresa
brasileira anunciou uma aliança
com a belga Interbrew (um negócio estimado em US$ 11,5 bilhões), no mês passado, as ações
da AmBev acumulam queda.
De acordo com a Previ, caso não
haja intervenção de autoridade
competente para impedir a conclusão da operação nos termos
anunciados, bem como para responsabilizar os agentes envolvidos por suas condutas abusivas e
ilícitas, a investidora irá sofrer
enormes perdas. "Cabe à CVM
dar um basta nisso", diz a Previ.
Conflito de interesse
No documento, a Previ cita o
empresário Carlos Alberto Sicupira, um dos sócios-controladores da AmBev, de conflito de interesse ao ter aprovado a operação,
como membro do conselho de
administração da companhia,
apesar de ser um dos beneficiários da operação.
A Previ questiona também o
procedimento adotado pelo Conselho de Administração da AmBev para aprovar a operação.
Segundo a Previ, o conselho autorizou a diretoria da empresa a
negociar o acordo de incorporação com a Interbrew no dia 1º de
março. Um dia depois, o conselho
aprovou a celebração do acordo
para o dia 3.
Sobre esta negociação relâmpago, a Previ diz o seguinte: "Desse
modo, ou a negociação de um
acordo de grande importância
para a AmBev foi negociado por
sua diretoria em 24 horas ou tal
diretoria já o vinha discutindo
com as outras partes, sem a devida autorização do conselho de administração. Em ambos os casos,
flagrante desconsideração dos
preceitos legais aplicáveis".
A Previ lança dúvidas também
sobre a tese defendida pela AmBev de que a operação seria um
passo importante para a sua internacionalização.
"A operação restringe as atividades da AmBev aos mercados
em que ela já atuava, com a inclusão apenas de mais um mercado,
o canadense, por meio da incorporação da Labatt, que nem sequer consta da lista dos sete mercados que mais crescem."
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