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Governo decreta a liquidação do fundo de pensão da companhia
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A SPC (Secretaria de Previdência Complementar) decretou ontem a liquidação extrajudicial dos
dois planos de previdência complementar dos funcionários da
Varig. Os planos eram administrados pelo Aerus -fundo de
pensão patrocinado por companhias aéreas-, que, desde ontem,
está sob intervenção da secretaria.
A decisão da SPC de intervir no
fundo e liquidar os planos pode
ser interpretada como mais um
sinal do governo de que não salvará a Varig. Além disso, pode colocar um ponto final na proposta
de uma das facções sindicais de
trabalhadores da empresa
-TGV (Trabalhadores do Grupo
Varig)- que quer usar recursos
do fundo de pensão para capitalizar a empresa.
Com a liquidação, os 6.700 aposentados e pensionistas da Varig
terão prioridade na partilha dos
recursos disponíveis nos dois planos. Os participantes ativos somam 8.300 funcionários e, dependendo do patrimônio disponível,
podem ficar sem receber nada.
Ontem, a SPC não soube dar detalhes sobre o que acontecerá com
os participantes ligados à Varig.
Não soube informar, por exemplo, se os aposentados receberão
seus benefícios no próximo mês.
O Aerus é o maior credor da Varig, com R$ 2,3 bilhões em dívidas
a receber. Cerca de 80% dos recursos do fundo são relativos aos
planos da Varig e da antiga Transbrasil -nesse último caso os planos já estavam em liquidação.
A SPC relata que a situação de
desequilíbrio do Aerus foi provocada pela falta de aportes de recursos que a Varig deixou de fazer
ao longo dos últimos anos.
Pedido de aposentados
A intervenção no fundo de pensão Aerus foi pedida pelos aposentados, receosos de o patrimônio da fundação, de R$ 1,5 bilhão,
fosse usada para socorrer a Varig.
O presidente do conselho deliberativo da Aprus (Associação
dos Participantes e Beneficiários
da Aerus), João Stepanski, pediu a
intervenção em carta, anteontem,
ao secretário de Previdência
Complementar, Adacir Reis.
A associação,que representa
2.080 aposentados, informou que
pediu a intervenção, mas não a liquidação dos planos de benefícios. Na carta ao secretário de Previdência Complementar, os aposentados disseram que três dos
seis integrantes do conselho deliberativo do Aerus estão em posição de conflito de interesse, a começar pelo presidente do conselho, Marcelo Bottini, também
presidente da Varig, que defendeu o uso de recursos do Aerus
para socorrer a companhia na
baixa estação.
Colaborou Elvira Lobato, da Sucursal do
Rio
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