|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo deve estimular mais a inovação, diz Ipea
Sem investimento na área, ímpeto exportador pode arrefecer, diz pesquisador
Estudo aponta que gastos com inovação são essenciais para aumentar a base exportadora do Brasil, ainda bastante concentrada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Lula, em seu segundo mandato, deve priorizar
políticas de estímulo para investimento em inovação tecnológica para manter o crescimento das exportações brasileiras de maior valor agregado.
Essa é a opinião do diretor do
Ipea João Alberto de Negri, um
dos autores, ao lado de Bruno
César Araújo, do livro "Empresas Brasileiras e o Comércio Internacional".
De Negri diz que o Brasil já
tem um bom nível de investimento em pesquisa se comparado com os países vizinhos,
mas precisa buscar atingir níveis de países em estágio mais
avançado em desenvolvimento
de novas tecnologias.
Anualmente, o país investe
US$ 3 bilhões em pesquisas, só
que apenas 5% (ou R$ 150 milhões) desse montante é dinheiro público. A Argentina investe no total US$ 200 milhões
em pesquisa, e o Chile, US$ 11
milhões.
"Não acreditamos que seja
revertido esse ciclo exportador
do Brasil, mas o ritmo pode se
arrefecer nos próximos anos se
o país não investir em pesquisa
e desenvolvimento para gerar
inovação tecnológica", diz o diretor do Ipea.
Segundo a pesquisa, esse tipo
de investimento é essencial para aumentar a base exportadora do país. Nos últimos anos, as
exportações têm crescido fortemente, mas esse mesmo ritmo não é observado no aumento do número de empresas exportadoras.
Bruno Araújo cita dados para
mostrar as vantagens de entrar
no mercado externo. Segundo
ele, no ano de estréia no mercado exportador, a empresa registra um aumento de 50% em seu
faturamento e de 20% no número de empregos.
Além disso, há vantagens
também para os trabalhadores.
A remuneração média mensal
de uma empresa fortemente
exportadora atinge R$
1.562,79, enquanto a de uma
com potencial exportador fica
em R$ 633,17.
A pesquisa do Ipea localizou
4.058 empresas que estariam
prontas para exportar. Ou seja,
são classificadas de potenciais
exportadoras por apresentarem todas as condições favoráveis para disputar o mercado
externo. É nesse universo que
deveria estar um dos focos dos
programas do governo federal
na busca de ampliar a base exportadora do país.
Para elaborar a pesquisa do
livro, o Ipea utilizou dados da
Pesquisa Industrial Anual do
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), Secretaria de Comércio Exterior,
Rais e Banco Central. Segundo
os pesquisadores, trata-se do
primeiro trabalho no país que
mostra a dinâmica das empresas, catalogando de cada um
mais de 500 variáveis.
(VALDO CRUZ)
Texto Anterior: Boris Tabacof: "Soft landing" para o câmbio Próximo Texto: Tributo menor compensaria perda cambial Índice
|