São Paulo, sexta-feira, 13 de abril de 2007

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Governo deve estimular mais a inovação, diz Ipea

Sem investimento na área, ímpeto exportador pode arrefecer, diz pesquisador

Estudo aponta que gastos com inovação são essenciais para aumentar a base exportadora do Brasil, ainda bastante concentrada


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo Lula, em seu segundo mandato, deve priorizar políticas de estímulo para investimento em inovação tecnológica para manter o crescimento das exportações brasileiras de maior valor agregado.
Essa é a opinião do diretor do Ipea João Alberto de Negri, um dos autores, ao lado de Bruno César Araújo, do livro "Empresas Brasileiras e o Comércio Internacional".
De Negri diz que o Brasil já tem um bom nível de investimento em pesquisa se comparado com os países vizinhos, mas precisa buscar atingir níveis de países em estágio mais avançado em desenvolvimento de novas tecnologias.
Anualmente, o país investe US$ 3 bilhões em pesquisas, só que apenas 5% (ou R$ 150 milhões) desse montante é dinheiro público. A Argentina investe no total US$ 200 milhões em pesquisa, e o Chile, US$ 11 milhões.
"Não acreditamos que seja revertido esse ciclo exportador do Brasil, mas o ritmo pode se arrefecer nos próximos anos se o país não investir em pesquisa e desenvolvimento para gerar inovação tecnológica", diz o diretor do Ipea.
Segundo a pesquisa, esse tipo de investimento é essencial para aumentar a base exportadora do país. Nos últimos anos, as exportações têm crescido fortemente, mas esse mesmo ritmo não é observado no aumento do número de empresas exportadoras.
Bruno Araújo cita dados para mostrar as vantagens de entrar no mercado externo. Segundo ele, no ano de estréia no mercado exportador, a empresa registra um aumento de 50% em seu faturamento e de 20% no número de empregos.
Além disso, há vantagens também para os trabalhadores. A remuneração média mensal de uma empresa fortemente exportadora atinge R$ 1.562,79, enquanto a de uma com potencial exportador fica em R$ 633,17.
A pesquisa do Ipea localizou 4.058 empresas que estariam prontas para exportar. Ou seja, são classificadas de potenciais exportadoras por apresentarem todas as condições favoráveis para disputar o mercado externo. É nesse universo que deveria estar um dos focos dos programas do governo federal na busca de ampliar a base exportadora do país.
Para elaborar a pesquisa do livro, o Ipea utilizou dados da Pesquisa Industrial Anual do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Secretaria de Comércio Exterior, Rais e Banco Central. Segundo os pesquisadores, trata-se do primeiro trabalho no país que mostra a dinâmica das empresas, catalogando de cada um mais de 500 variáveis.
(VALDO CRUZ)


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