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MINERAÇÃO
Túnel do empreendimento que chegou a produzir 32 kg do metal em um ano recebe manutenção até hoje
Mina de ouro `urbana' espera reativação
LUIZ ANTONIO CINTRA
da Reportagem Local
Quem pensa em ouro, no Brasil,
logo se lembra de Serra Pelada, Carajás, Minas, locais distantes de
grandes centros urbanos como
São Paulo. Pois a cidade de Araçariguama, a 50 km a oeste da capital
paulista, mostra que quem pensa
assim está enganado.
Ali, desde 1926, existe a Saint
George Gold Mine, mina de ouro
situada a menos de cem metros da
rodovia Castelo Branco, que liga a
cidade de São Paulo à região noroeste do Estado.
A mina foi fundada pelo general
canadense George Raston e viveu o
seu auge nas décadas de 20 e de 30,
chegando a produzir, no ano de
1936, 32 quilos de ouro.
Com esse desempenho, a Saint
George passou a ser considerada o
principal veio aurífero encontrado
no Estado de São Paulo, de acordo
com o livro ``Recursos Minerais
do Brasil'', de Sylvio Froés Abreu,
numa edição de 1973 elaborada
com a colaboração da USP.
Nessa ocasião, a mina de Araçariguama tinha produção mensal
média de 2 quilos de ouro e de 20
de prata, chegando a exportar parte da produção para os EUA.
No caso da produção de ouro, a
concentração encontrada nessa
época era de aproximadamente
25,2 gramas do mineral por tonelada extraída.
Segundo funcionários da mina,
ela possui atualmente uma extensão de aproximadamente 160 metros, chegando a ter 60 metros de
profundidade.
O auge da mina, no entanto, não
durou muito tempo. No final dos
anos 30, ela foi fechada. Segundo
moradores da cidade que viram a
mina em funcionamento, a decisão foi tomada pelo governo federal, que optou por lacrar a Saint
George. O motivo alegado na ocasião teria sido a existência de desvio ilegal de ouro para o exterior.
Mais tarde, com dificuldades financeiras, o canadense Raston,
então proprietário da mina, precisou usá-la para pagar uma dívida
com o empresário e político paulistano Antonio Cintra Gordinho,
morto há muitos anos.
Assim a mina acabou fazendo
parte da fazenda São José, que já
era de propriedade de Gordinho.
A fazenda ainda existe, possui
260 alqueires ao redor da Saint
George, e pertence à Fundação
Antonio Antonieta Cintra Gordinho, de Jundiaí, cidade próxima.
O direito à exploração da mina,
no entanto, não pertence mais à
fundação, de acordo com o DNPM
(Departamento Nacional de Pesquisa Mineral), órgão do governo
federal encarregado da fiscalização
das minas existentes no país.
Segundo o DNPM, o direito à exploração da mina é da Effedip, empresa de mineração do italiano
Francesco D'Ippolito.
Manutenção
Em Araçariguama, a Folha conversou com alguns funcionários
que trabalhavam no local, fazendo
a manutenção da mina.
Há anos a Saint George deixou de
produzir ouro ou outro mineral. O
trabalho que estava sendo feito,
disseram os funcionários, era apenas para retirar a areia que havia
desmoronado com as chuvas.
De acordo com Pedro Taborda,
responsável pela mina em Araçariguama, não há previsão para a retomada das operações da mina.
Ele diz acreditar, no entanto, que
ainda é possível encontrar ouro
ali, mas que para isso seria preciso
um grande investimento.
Outro problema é jurídico: um
processo entre a mineradora Effedip e a Fundação Cintra Gordinho.
No processo, a Effedip solicita a
abertura de uma estrada que passaria dentro da fazenda São José.
Só assim a mina seria reativada.
O processo ainda está tramitando na Justiça de São Roque, que
tem autonomia para autorizar ou
não a abertura da estrada.
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