São Paulo, domingo, 13 de maio de 2001

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RACIONAMENTO

Parente pode ter recursos extras para conter crise, mas metas fiscais terão de ser cumpridas

Combate ao apagão exige corte no Orçamento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente FHC deu ao "ministro do apagão", Pedro Parente, carta-branca para pedir recursos à área econômica. Como o ajuste fiscal é prioritário, o governo poderá, para atender pedidos de Parente, aprofundar os cortes no Orçamento para garantir as metas fiscais deste ano.
A Folha apurou que o governo não abre mão de economizar R$ 29,4 bilhões neste ano, como prevê a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Amanhã, o governo quer anunciar alguma medida do racionamento logo após uma reunião no Palácio do Planalto com a participação de FHC.
Na quinta-feira, ao ser nomeado coordenador da Câmara de Gestão da Crise Energética, Parente disse a FHC que só aceitaria o cargo se tivesse suporte para resolver o problema de curto prazo e para definir medidas que evitem a repetição do racionamento.
Ontem, o ministro passou o dia lendo documentos. Ministros ligados ao problema energético alertaram seus assessores para que ficassem disponíveis para atender a chamados de Parente.
Uma das propostas levadas a Parente prevê taxa extra para forçar a redução no consumo de energia. Essa medida já foi descartada por FHC, mas os técnicos insistem em sobretaxar quem não diminuir seus gastos com energia.
Como o racionamento afetará a atividade econômica, reduzindo o crescimento e aumentando a inflação, a área econômica já teria mesmo de se preocupar com as contas públicas deste ano por causa da queda na arrecadação tributária e pela possibilidade de novos aumentos nos juros.
A necessidade de acelerar os investimentos no setor energético, porém, deve reduzir a disponibilidade de caixa das estatais ligadas ao problema, que são a Eletrobrás e a Petrobras. Elas seriam responsáveis por economizar R$ 6,1 bilhões dos R$ 29,4 bilhões da LDO.
O secretário de Energia de São Paulo, Mauro Arce, confirmou ontem que participará do "ministério do apagão". Ele quer rapidez na definição do peso que o corte terá para residências, indústria e comércio. "Quanto mais tempo para definir isso, maior a dificuldade para combater a crise."
O secretário procurou tranquilizar as indústrias que dependem de fornecimento intensivo de energia. "A indústria automobilística, por exemplo, não poderá ser prejudicada", disse.



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