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RACIONAMENTO
Parente pode ter recursos extras para conter crise, mas metas fiscais terão de ser cumpridas
Combate ao apagão exige corte no Orçamento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente FHC deu ao "ministro do apagão", Pedro Parente,
carta-branca para pedir recursos
à área econômica. Como o ajuste
fiscal é prioritário, o governo poderá, para atender pedidos de Parente, aprofundar os cortes no
Orçamento para garantir as metas
fiscais deste ano.
A Folha apurou que o governo
não abre mão de economizar R$
29,4 bilhões neste ano, como prevê a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Amanhã, o governo quer
anunciar alguma medida do racionamento logo após uma reunião no Palácio do Planalto com a
participação de FHC.
Na quinta-feira, ao ser nomeado coordenador da Câmara de
Gestão da Crise Energética, Parente disse a FHC que só aceitaria
o cargo se tivesse suporte para resolver o problema de curto prazo
e para definir medidas que evitem
a repetição do racionamento.
Ontem, o ministro passou o dia
lendo documentos. Ministros ligados ao problema energético
alertaram seus assessores para
que ficassem disponíveis para
atender a chamados de Parente.
Uma das propostas levadas a
Parente prevê taxa extra para forçar a redução no consumo de
energia. Essa medida já foi descartada por FHC, mas os técnicos insistem em sobretaxar quem não
diminuir seus gastos com energia.
Como o racionamento afetará a
atividade econômica, reduzindo o
crescimento e aumentando a inflação, a área econômica já teria
mesmo de se preocupar com as
contas públicas deste ano por
causa da queda na arrecadação
tributária e pela possibilidade de
novos aumentos nos juros.
A necessidade de acelerar os investimentos no setor energético,
porém, deve reduzir a disponibilidade de caixa das estatais ligadas
ao problema, que são a Eletrobrás
e a Petrobras. Elas seriam responsáveis por economizar R$ 6,1 bilhões dos R$ 29,4 bilhões da LDO.
O secretário de Energia de São
Paulo, Mauro Arce, confirmou
ontem que participará do "ministério do apagão". Ele quer rapidez
na definição do peso que o corte
terá para residências, indústria e
comércio. "Quanto mais tempo
para definir isso, maior a dificuldade para combater a crise."
O secretário procurou tranquilizar as indústrias que dependem
de fornecimento intensivo de
energia. "A indústria automobilística, por exemplo, não poderá
ser prejudicada", disse.
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