São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

Texto Anterior | Índice

FINANÇAS

Até as eleições, há forte possibilidade de a Bolsa de São Paulo cair mais e o risco-país aumentar, dizem analistas

Mercado deve oscilar ao sabor da política

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) deve continuar oscilando ao sabor da política nos próximos dias. Uma pequena parcela de analistas, porém, afirma que há espaço para correção de preços, depois da queda exagerada nas últimas duas semanas.
Seria apenas uma recuperação passageira, sem reversão da tendência de queda. A maioria dos analistas concorda que, até as eleições, o terreno é fértil para a Bolsa cair mais e o risco-país aumentar.
"Vamos superar essa crisezinha, mas é a primeira de várias", afirma o diretor de pesquisa da Planner Corretora de Valores, Luiz Antônio Vaz das Neves.
A divulgação na sexta-feira da pesquisa de intenção de voto, elaborada pela Toledo & Associados, já foi um passo nesse sentido.
Aguardada desde a véspera sob fortes rumores que apavoraram o mercado, a sondagem mostrou, afinal, o pré-candidato do governo, José Serra, em segundo lugar.
Mas investidores continuam a temer notícias que ameacem a candidatura Serra, por eles identificada como "de continuidade da atual política econômica".
"O que vai ditar o tom da semana é a política, a menos que aconteça algo ruim no mercado internacional", diz o estrategista-chefe do HSBC, Dawber Gontijo.
"Tenho de apostar que a semana será melhor", diz Neves. "Com o noticiário carregado demais e o pessimismo exagerado, o mercado ficou muito vendido", afirma.
Lucro em queda
Os mercados externos podem vir a reforçar a expectativa de alguma valorização na Bovespa.
A Bolsa paulista está tendo movimento muito semelhante ao de Bolsas estrangeiras.
Como a Bovespa, elas também estão muito vendidas, com preços deteriorados. O movimento de baixa dos índices estrangeiros também está muito ligado à queda no setor de telecomunicações.
Empurradas pelo mau comportamento das teles, cerca de 22% das empresas que compõem o índice Standard & Poors 500 -da Bolsa que reúne as 500 maiores companhias dos Estados Unidos- caíram.
Os lucros dessas 500 empresas recuaram em média 12% nos três primeiros meses do ano. Mas a expectativa é de melhora nos resultados do segundo trimestre.
Outro fator de alívio para o mercado americano é que a atual safra de balanços de empresas, que tanto tem torturado as Bolsas de lá, termina na quarta-feira.
A tendência é que investidores deixem de operar em função do risco microeconômico e se voltem para o cenário macroeconômico dos Estados Unidos.
"O panorama macro está mais favorável, o que deve forçar uma reação positiva porque o mercado estava muito vendido pela divulgação de resultados", diz Neves.

Com reservas
A entrevista do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, ao jornal "Valor Econômico", admitindo a possibilidade de corte de juros foi recebida com reservas por parte do mercado.
"É de difícil implementação face às turbulências atuais, sem que se extraia daí uma conotação política", segundo Gontijo.
Segundo outro analista afirmou à Folha, "não dá para levar a sério o vai-e-vem das declarações de Fraga, com inflação acumulada em 7,98% em 12 meses".

Maiores altas
Eletropaulo PN, Cemig ON e Cesp PN fecharam o pregão de sexta-feira passada cotadas entre as sete maiores altas da Bovespa. "É uma reação técnica pelo aumento de preços dado ao setor elétrico", diz Vaz das Neves, da Planner Corretora de Valores.



Texto Anterior: Imóveis: Fundo imobiliário será negociado na Bolsa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.