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ENERGIA
Motivo é o conflito com famílias acampadas perto da obra, diz empresa
Construtora pára obras de Tucuruí
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA
A empreiteira Camargo Corrêa
suspendeu ontem as obras de ampliação da Usina Hidrelétrica de
Tucuruí (389 km de Belém), no
Pará, devido à intensificação dos
conflitos com as famílias acampadas às margens dos lagos que cercam a hidrelétrica.
A empresa argumentou que a
paralisação de deve à "falta de segurança" aos funcionários. O clima no local, segundo técnicos da
empresa, é tenso.
Os acampados atearam fogo em
dois caminhões da empresa, que
transportam argila e cimento, ontem e anteontem. Os manifestantes também prometeram incendiar outros carros caso as negociações não avancem nos próximos dias. No local, permanecem
acampadas cerca de 300 pessoas.
O protesto já dura 25 dias.
Segundo o coordenador do
MAB (Movimento dos Atingidos
por Barragens) na região, Rogério
Hohn, os acampados reivindicam
atendimento imediato às famílias
prejudicadas pelas obras, liberação de crédito de R$ 5.000 para cada família e acesso à energia.
O terreno pertence à Eletronorte (Centrais Elétricas do Norte do
Brasil), e a obra é de responsabilidade do Dnit (Departamento Nacional de Infra-estrutura em
Transporte).
Pedido o fim do protesto
Em reunião em Belém, a Eletronorte exigiu a desmobilização do
protesto para dar seqüência às negociações. Os acampados rebateram ontem afirmando que fizeram isso em março, mas as reivindicações não foram atendidas.
"Até hoje não foram resolvidos
os problemas de todas as famílias
que sofreram impacto pela barragem. Se não nos mobilizarmos,
depois a Eletronorte e a Camargo
Corrêa negarão todas as suas responsabilidades. Estão nos enganando há 20 anos. Não voltaremos para casa até não apontarem
algumas soluções para os problemas que essa barragem trouxe."
A Camargo Corrêa, que atuou
na construção da hidrelétrica de
Tucuruí, foi contratada para erguer duas eclusas (espécie de elevador de água) no rio Tocantins,
fazer um canal e instalar as duas
últimas turbinas da usina.
A assessoria da Camargo Corrêa informou que a empresa solicitou à Justiça a reintegração de
posse de 25 equipamentos de
grande porte. O pedido ainda não
foi atendido.
Localizada no rio Tocantins, a
usina foi inaugurada em 1984 e está sendo ampliada, com a implementação da chamada fase 2 da
obra. A execução da obra é realizada com recursos do governo federal e previsão de conclusão para
o próximo ano. Atualmente, a
usina é responsável por 10% da
energia gerada no país.
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