São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

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ENERGIA

Motivo é o conflito com famílias acampadas perto da obra, diz empresa

Construtora pára obras de Tucuruí

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA

A empreiteira Camargo Corrêa suspendeu ontem as obras de ampliação da Usina Hidrelétrica de Tucuruí (389 km de Belém), no Pará, devido à intensificação dos conflitos com as famílias acampadas às margens dos lagos que cercam a hidrelétrica.
A empresa argumentou que a paralisação de deve à "falta de segurança" aos funcionários. O clima no local, segundo técnicos da empresa, é tenso.
Os acampados atearam fogo em dois caminhões da empresa, que transportam argila e cimento, ontem e anteontem. Os manifestantes também prometeram incendiar outros carros caso as negociações não avancem nos próximos dias. No local, permanecem acampadas cerca de 300 pessoas. O protesto já dura 25 dias.
Segundo o coordenador do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) na região, Rogério Hohn, os acampados reivindicam atendimento imediato às famílias prejudicadas pelas obras, liberação de crédito de R$ 5.000 para cada família e acesso à energia.
O terreno pertence à Eletronorte (Centrais Elétricas do Norte do Brasil), e a obra é de responsabilidade do Dnit (Departamento Nacional de Infra-estrutura em Transporte).

Pedido o fim do protesto
Em reunião em Belém, a Eletronorte exigiu a desmobilização do protesto para dar seqüência às negociações. Os acampados rebateram ontem afirmando que fizeram isso em março, mas as reivindicações não foram atendidas.
"Até hoje não foram resolvidos os problemas de todas as famílias que sofreram impacto pela barragem. Se não nos mobilizarmos, depois a Eletronorte e a Camargo Corrêa negarão todas as suas responsabilidades. Estão nos enganando há 20 anos. Não voltaremos para casa até não apontarem algumas soluções para os problemas que essa barragem trouxe."
A Camargo Corrêa, que atuou na construção da hidrelétrica de Tucuruí, foi contratada para erguer duas eclusas (espécie de elevador de água) no rio Tocantins, fazer um canal e instalar as duas últimas turbinas da usina.
A assessoria da Camargo Corrêa informou que a empresa solicitou à Justiça a reintegração de posse de 25 equipamentos de grande porte. O pedido ainda não foi atendido.
Localizada no rio Tocantins, a usina foi inaugurada em 1984 e está sendo ampliada, com a implementação da chamada fase 2 da obra. A execução da obra é realizada com recursos do governo federal e previsão de conclusão para o próximo ano. Atualmente, a usina é responsável por 10% da energia gerada no país.


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