São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

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CRISE NO AR

Órgão de representação dos aeroviários afirma ter feito, só ontem, 29 homologações de dispensas; empresa nega

Varig já iniciou demissões, diz sindicato

BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Varig começou a demitir, informou ontem o Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo. Segundo a entidade, cerca de 40 funcionários, pelo menos, já foram dispensados -a maioria deles da área administrativa da aérea. A empresa nega.
De acordo com o presidente do sindicato, Uébio José da Silva, foram homologadas ontem 29 rescisões no escritório da instituição que fica próximo ao aeroporto de Congonhas, na capital paulista. Para hoje, segundo a entidade, estão marcadas, pelo menos, outras nove homologações.
Teria havido ainda o desligamento de funcionários com menos de um ano de casa, com rescisão finalizada dentro da própria companhia, mas o sindicato disse não dispor do número exato.
Procurada pela Folha, a Varig negou a existência de quaisquer demissões. Em seguida, admitiu que podem ter acontecido dispensas isoladas, normais à rotina de uma companhia de seu porte, mas questionou os números apresentados pelo sindicato. A aérea reafirmou que demissões não estão previstas em seu plano de reestruturação, anunciado para viabilizar a entrada de um novo controlador acionário.
O sindicato dos aeroviários não informou se as demissões haviam ocorrido antes ou depois da substituição do presidente da empresa. Indicado pelo novo conselho de administração da Varig, liderado por David Zylbersztajn, Henrique Neves passou a ocupar na segunda-feira passada a cadeira que era de Carlos Luiz Martins.
Na manhã de ontem, no Rio, Neves fez duas reuniões com representantes dos empregados da companhia. Em uma delas, falou a sindicalistas ligados à CUT (Central Única dos Trabalhadores) e, na outra, encontrou-se com associações de funcionários da empresa, entre elas a Apvar (Associação de Pilotos da Varig).
Em ambas, segundo as entidades participantes, o presidente afirmou que, por enquanto, cortes de pessoal não estavam previstos. Pessoas ligadas à Varig, no entanto, afirmam que já estava no departamento de recursos humanos da aérea um projeto para demitir pelo menos 2.000 funcionários. Só a Varig tem 10,5 mil empregados, e o grupo Varig, 17 mil.

Arresto de aviões
Pessoas ligadas à Varig afirmaram ontem que a aérea passou a sofrer fortes pressões de seus credores privados para o pagamento de dívidas em atraso. Entre eles, estariam três empresas de leasing.
John Pluger, presidente e chefe de operações da americana ILFC (International Lease Finance Corporation), maior empresa de leasing do mundo considerando os valores negociados, confirmou ontem à Folha que deu à Varig até a próxima segunda feira para pagar parcelas atrasadas referentes aos contratos de 12 aviões (oito usados pela Varig e quatro pela Rio Sul). Se não cumprir o prazo, a aérea terá aeronaves arrestadas.
Com sede em Los Angeles, a ILFC é uma subsidiária do grupo AIG. É corporação que, em janeiro de 2003, apreendeu por 24 horas um Boeing-777 da Varig no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. O avião foi liberado após a negociação do pagamento.
"Temos conversado com a Varig, mas até o momento as conversas não têm sido produtivas", afirmou o presidente da ILFC. "Não há regra geral para esse tipo de caso. Cada caso é analisado individualmente, mas o não-cumprimento do prazo sempre tem sérias consequências".


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