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CRISE NO AR
Órgão de representação dos aeroviários afirma ter feito, só ontem, 29 homologações de dispensas; empresa nega
Varig já iniciou demissões, diz sindicato
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Varig começou a demitir, informou ontem o Sindicato dos
Aeroviários do Estado de São
Paulo. Segundo a entidade, cerca
de 40 funcionários, pelo menos, já
foram dispensados -a maioria
deles da área administrativa da
aérea. A empresa nega.
De acordo com o presidente do
sindicato, Uébio José da Silva, foram homologadas ontem 29 rescisões no escritório da instituição
que fica próximo ao aeroporto de
Congonhas, na capital paulista.
Para hoje, segundo a entidade, estão marcadas, pelo menos, outras
nove homologações.
Teria havido ainda o desligamento de funcionários com menos de um ano de casa, com rescisão finalizada dentro da própria
companhia, mas o sindicato disse
não dispor do número exato.
Procurada pela Folha, a Varig
negou a existência de quaisquer
demissões. Em seguida, admitiu
que podem ter acontecido dispensas isoladas, normais à rotina
de uma companhia de seu porte,
mas questionou os números
apresentados pelo sindicato. A aérea reafirmou que demissões não
estão previstas em seu plano de
reestruturação, anunciado para
viabilizar a entrada de um novo
controlador acionário.
O sindicato dos aeroviários não
informou se as demissões haviam
ocorrido antes ou depois da substituição do presidente da empresa. Indicado pelo novo conselho
de administração da Varig, liderado por David Zylbersztajn, Henrique Neves passou a ocupar na segunda-feira passada a cadeira que
era de Carlos Luiz Martins.
Na manhã de ontem, no Rio,
Neves fez duas reuniões com representantes dos empregados da
companhia. Em uma delas, falou
a sindicalistas ligados à CUT
(Central Única dos Trabalhadores) e, na outra, encontrou-se
com associações de funcionários
da empresa, entre elas a Apvar
(Associação de Pilotos da Varig).
Em ambas, segundo as entidades participantes, o presidente
afirmou que, por enquanto, cortes de pessoal não estavam previstos. Pessoas ligadas à Varig, no
entanto, afirmam que já estava no
departamento de recursos humanos da aérea um projeto para demitir pelo menos 2.000 funcionários. Só a Varig tem 10,5 mil empregados, e o grupo Varig, 17 mil.
Arresto de aviões
Pessoas ligadas à Varig afirmaram ontem que a aérea passou a
sofrer fortes pressões de seus credores privados para o pagamento
de dívidas em atraso. Entre eles,
estariam três empresas de leasing.
John Pluger, presidente e chefe
de operações da americana ILFC
(International Lease Finance Corporation), maior empresa de leasing do mundo considerando os
valores negociados, confirmou
ontem à Folha que deu à Varig até
a próxima segunda feira para pagar parcelas atrasadas referentes
aos contratos de 12 aviões (oito
usados pela Varig e quatro pela
Rio Sul). Se não cumprir o prazo,
a aérea terá aeronaves arrestadas.
Com sede em Los Angeles, a
ILFC é uma subsidiária do grupo
AIG. É corporação que, em janeiro de 2003, apreendeu por 24 horas um Boeing-777 da Varig no
aeroporto Charles de Gaulle, em
Paris. O avião foi liberado após a
negociação do pagamento.
"Temos conversado com a Varig, mas até o momento as conversas não têm sido produtivas",
afirmou o presidente da ILFC.
"Não há regra geral para esse tipo
de caso. Cada caso é analisado individualmente, mas o não-cumprimento do prazo sempre tem
sérias consequências".
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