São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

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TANGO DA DÍVIDA

Órgão analisa

Sem acordo, Argentina pede mais tempo ao FMI

MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES

Com a demora do acerto de um novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a Argentina pediu ao organismo para postergar parte dos pagamentos da dívida que vencem este ano. Segundo o porta-voz do Fundo, Thomas Dawson, o pedido diz respeito aos chamados pagamentos "em expectativa", que são postergáveis por um ano e meio.
De acordo com ele, o organismo está analisando o pedido, e deverá se pronunciar "em breve". Segundo o jornal "La Nacion", o montante total que o país pretende postergar soma US$ 1,458 bilhão. A primeira parcela cujo pagamento a Argentina quer adiar é de US$ 140 milhões, e vence no próximo dia 20. O ministério da economia argentino não confirma a informação.
Anteontem, os Estados Unidos voltaram a manifestar preocupação com os cerca de 24% de credores que se recusaram a participar da recente negociação da dívida do país. O subsecretário de assuntos internacionais do Tesouro americano, Randal Quarles, declarou que para oferecer uma estratégia "clara" deve haver uma nova oferta de troca para os que ficaram de fora. O questionamento foi principalmente em cima de uma lei, aprovada na Argentina, que proíbe o governo de reabrir a oferta para a troca.
No início desta semana, uma equipe do ministério da economia argentino partiu para Washington para iniciar as tratativas com o FMI para a realização de um novo acordo. Apesar da expectativa positiva do governo argentino, existem obstáculos a serem vencidos antes de um acerto.
Em primeiro lugar, o problema é exatamente que o organismo impõe como condição para um novo acordo que o país negocie com os credores que ficaram fora da troca. Mas o país já excluiu a possibilidade de reabrir a troca.
A preocupação é com a credibilidade ante os credores que aceitaram realizar a troca de títulos velhos, em estado de calote, por novos, reestruturados, com valor em média 70% menor, e também em relação a futuras negociações.
O problema é que o país teve que suspender a emissão desses novos títulos da dívida, que seriam entregues em abril aos credores que entraram na troca, por causa de uma demanda judicial feita nos Estados Unidos por credores que recusaram a renegociação -o fundo de investimentos Elliott obteve num tribunal de Nova York o embargo de US$ 7 bilhões em papéis argentinos.
Além desse entrave, outro problema seria que os principais sócios europeus do FMI estariam pressionando o organismo para que um acordo também seja feito mediante a garantia de que a Argentina permita um aumento nas tarifas de serviços públicos privatizados no país, que estão congeladas há tempos.
Essa é outra questão complicada, porque em outubro deste ano ocorrem eleições para renovar parte do parlamento argentino -dificilmente o governo Kirchner permitiria reajustes tarifários em um ano eleitoral.
Por fim, a Argentina defende uma meta de superávit primário de 3% do PIB para este ano, enquanto que o FMI pretende um percentual em torno dos 5%.


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