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TANGO DA DÍVIDA
Órgão analisa
Sem acordo, Argentina pede mais tempo ao FMI
MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES
Com a demora do acerto de um
novo acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional), a Argentina pediu ao organismo para
postergar parte dos pagamentos
da dívida que vencem este ano.
Segundo o porta-voz do Fundo,
Thomas Dawson, o pedido diz
respeito aos chamados pagamentos "em expectativa", que são postergáveis por um ano e meio.
De acordo com ele, o organismo
está analisando o pedido, e deverá
se pronunciar "em breve". Segundo o jornal "La Nacion", o montante total que o país pretende
postergar soma US$ 1,458 bilhão.
A primeira parcela cujo pagamento a Argentina quer adiar é de
US$ 140 milhões, e vence no próximo dia 20. O ministério da economia argentino não confirma a
informação.
Anteontem, os Estados Unidos
voltaram a manifestar preocupação com os cerca de 24% de credores que se recusaram a participar da recente negociação da dívida do país. O subsecretário de assuntos internacionais do Tesouro
americano, Randal Quarles, declarou que para oferecer uma estratégia "clara" deve haver uma
nova oferta de troca para os que
ficaram de fora. O questionamento foi principalmente em cima de
uma lei, aprovada na Argentina,
que proíbe o governo de reabrir a
oferta para a troca.
No início desta semana, uma
equipe do ministério da economia argentino partiu para Washington para iniciar as tratativas
com o FMI para a realização de
um novo acordo. Apesar da expectativa positiva do governo argentino, existem obstáculos a serem vencidos antes de um acerto.
Em primeiro lugar, o problema
é exatamente que o organismo
impõe como condição para um
novo acordo que o país negocie
com os credores que ficaram fora
da troca. Mas o país já excluiu a
possibilidade de reabrir a troca.
A preocupação é com a credibilidade ante os credores que aceitaram realizar a troca de títulos velhos, em estado de calote, por novos, reestruturados, com valor em
média 70% menor, e também em
relação a futuras negociações.
O problema é que o país teve
que suspender a emissão desses
novos títulos da dívida, que seriam entregues em abril aos credores que entraram na troca, por
causa de uma demanda judicial
feita nos Estados Unidos por credores que recusaram a renegociação -o fundo de investimentos
Elliott obteve num tribunal de
Nova York o embargo de US$ 7
bilhões em papéis argentinos.
Além desse entrave, outro problema seria que os principais sócios europeus do FMI estariam
pressionando o organismo para
que um acordo também seja feito
mediante a garantia de que a Argentina permita um aumento nas
tarifas de serviços públicos privatizados no país, que estão congeladas há tempos.
Essa é outra questão complicada, porque em outubro deste ano
ocorrem eleições para renovar
parte do parlamento argentino
-dificilmente o governo Kirchner permitiria reajustes tarifários
em um ano eleitoral.
Por fim, a Argentina defende
uma meta de superávit primário
de 3% do PIB para este ano, enquanto que o FMI pretende um
percentual em torno dos 5%.
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