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Crédito do BNDES para máquinas sobe 45%
Crescimento foi puxado pela demanda por caminhões e ônibus, que se expandiu 58% e 81%, respectivamente, no 1º quadrimestre
Em alguns casos, carência de meios de transporte, como tratores e caminhões, já obriga comprador a uma espera de 3 a 4 meses
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Os financiamentos do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) para a compra de máquinas e equipamentos cresceram 45% de janeiro a abril e somaram R$ 5,15 bilhões, segundo a Folha apurou. A expansão
foi puxada pela demanda por
meios de transporte, como caminhões e ônibus.
O montante se refere ao total
da linha Finame, destinada especificamente a empréstimos
para modernização do parque
industrial por meio da aquisição de equipamentos.
Os financiamentos do
BNDES funcionam como um
termômetro da disposição do
empresariado para realizar novos investimentos. O banco
projeta para este ano um total
de desembolsos nessa linha de
R$ 14,5 bilhões.
O aumento da procura por financiamentos está em linha
com os dados de produção industrial de janeiro a março do
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
A fabricação de máquinas e
equipamentos cresceu 14,4%
na comparação com igual período do ano anterior e foi responsável pelo maior impacto
sobre a taxa de crescimento.
No ano, a indústria cresce a um
ritmo de 3,8%.
Sem caminhão
A corrida por financiamentos para aquisição de meios de
transporte é mais um indicativo de que o país começa a viver
um "apagão logístico", conforme mostrou a Folha no domingo passado.
Os financiamentos para
compra de caminhões cresceram 58% no primeiro quadrimestre e somaram R$ 2 bilhões. Os empréstimos para a
aquisição de ônibus aumentaram 81% nesse período e totalizaram R$ 836 milhões.
Segundo empresários ouvidos pela Folha, cresceu a demanda por caminhões, tratores
e colheitadeiras. Em alguns casos, a carência de meios de
transporte já resulta em uma
espera de três a quatro meses
para a chegada de caminhões.
Já há empresas que adquirem
tratores sem pneus e usam os
de equipamentos antigos.
Os dados do banco mostram
grande procura por meios de
transporte para a indústria sucroalcooleira. O setor registrou
alta de 132%, e os desembolsos
somaram R$ 125,9 milhões.
Além da demanda em alta,
fatores como a queda da TJLP
(Taxa de Juros de Longo Prazo), usada na concessão de financiamentos do BNDES, e a
concorrência dos importados,
com o dólar próximo a R$ 2, levaram a indústria a acelerar o
ritmo de investimentos.
Alta desigual
O crescimento, no entanto,
não é uniforme. Os empréstimos da linha Finame para leasing de equipamentos cresceram 170,3% e somaram R$
365,14 milhões, impulsionados
por uma redução de juros.
A linha Finame para a compra de máquinas cresceu 44,9%
e somou R$ 4,23 bilhões em
empréstimos, mas a linha Finame agrícola teve alta bem menor, de 11,9%. Uma das justificativas é o elevado nível de endividamento de alguns segmentos agrícolas.
Outro sinal de que a pujança
no campo não abrange todos os
setores é o desempenho do
Programa Agrícola, em que o
BNDES repassa recursos de diversos programas federais. No
quadrimestre, houve queda de
25,8%, e o montante emprestado somou R$ 470,24 milhões.
As operações do BNDES automático, destinadas a compras
e importações de equipamentos, tiveram alta de 92,8%. Os
empréstimos com o Cartão
BNDES, destinado a micro e
pequenos empresários, registram expansão de 138,4% e somaram R$ 129,69 milhões.
Os clientes incluem restaurantes, padarias, postos de gasolina e outros. O cartão permite a compra de equipamentos
cadastrados na página do banco
na internet. No total, as operações indiretas, em que há repasse por meio de agente financeiro, cresceram 42,6%.
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