São Paulo, domingo, 13 de maio de 2007

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Crédito do BNDES para máquinas sobe 45%

Crescimento foi puxado pela demanda por caminhões e ônibus, que se expandiu 58% e 81%, respectivamente, no 1º quadrimestre

Em alguns casos, carência de meios de transporte, como tratores e caminhões, já obriga comprador a uma espera de 3 a 4 meses

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Os financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a compra de máquinas e equipamentos cresceram 45% de janeiro a abril e somaram R$ 5,15 bilhões, segundo a Folha apurou. A expansão foi puxada pela demanda por meios de transporte, como caminhões e ônibus.
O montante se refere ao total da linha Finame, destinada especificamente a empréstimos para modernização do parque industrial por meio da aquisição de equipamentos.
Os financiamentos do BNDES funcionam como um termômetro da disposição do empresariado para realizar novos investimentos. O banco projeta para este ano um total de desembolsos nessa linha de R$ 14,5 bilhões.
O aumento da procura por financiamentos está em linha com os dados de produção industrial de janeiro a março do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A fabricação de máquinas e equipamentos cresceu 14,4% na comparação com igual período do ano anterior e foi responsável pelo maior impacto sobre a taxa de crescimento. No ano, a indústria cresce a um ritmo de 3,8%.

Sem caminhão
A corrida por financiamentos para aquisição de meios de transporte é mais um indicativo de que o país começa a viver um "apagão logístico", conforme mostrou a Folha no domingo passado.
Os financiamentos para compra de caminhões cresceram 58% no primeiro quadrimestre e somaram R$ 2 bilhões. Os empréstimos para a aquisição de ônibus aumentaram 81% nesse período e totalizaram R$ 836 milhões.
Segundo empresários ouvidos pela Folha, cresceu a demanda por caminhões, tratores e colheitadeiras. Em alguns casos, a carência de meios de transporte já resulta em uma espera de três a quatro meses para a chegada de caminhões. Já há empresas que adquirem tratores sem pneus e usam os de equipamentos antigos.
Os dados do banco mostram grande procura por meios de transporte para a indústria sucroalcooleira. O setor registrou alta de 132%, e os desembolsos somaram R$ 125,9 milhões.
Além da demanda em alta, fatores como a queda da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), usada na concessão de financiamentos do BNDES, e a concorrência dos importados, com o dólar próximo a R$ 2, levaram a indústria a acelerar o ritmo de investimentos.

Alta desigual
O crescimento, no entanto, não é uniforme. Os empréstimos da linha Finame para leasing de equipamentos cresceram 170,3% e somaram R$ 365,14 milhões, impulsionados por uma redução de juros.
A linha Finame para a compra de máquinas cresceu 44,9% e somou R$ 4,23 bilhões em empréstimos, mas a linha Finame agrícola teve alta bem menor, de 11,9%. Uma das justificativas é o elevado nível de endividamento de alguns segmentos agrícolas.
Outro sinal de que a pujança no campo não abrange todos os setores é o desempenho do Programa Agrícola, em que o BNDES repassa recursos de diversos programas federais. No quadrimestre, houve queda de 25,8%, e o montante emprestado somou R$ 470,24 milhões.
As operações do BNDES automático, destinadas a compras e importações de equipamentos, tiveram alta de 92,8%. Os empréstimos com o Cartão BNDES, destinado a micro e pequenos empresários, registram expansão de 138,4% e somaram R$ 129,69 milhões.
Os clientes incluem restaurantes, padarias, postos de gasolina e outros. O cartão permite a compra de equipamentos cadastrados na página do banco na internet. No total, as operações indiretas, em que há repasse por meio de agente financeiro, cresceram 42,6%.


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